São Paulo, segunda-feira, 29 de janeiro de 1996
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O Congresso; Terras indígenas; Vestibular previsível; Viagem à índia; Os líderes sem-terra; Clubes do Paraná; Pelé por Pelé; Reajuste do funcionalismo; Deficientes; Movimento

O Congresso
"Nossos deputados e senadores vêm dando ao país o contra-exemplo da atuação que se espera dos representantes da sociedade na mais alta esfera legislativa. É impressionante a inconsequência com que dizem abertamente que farão a obstrução desta ou daquela votação, que lutarão contra um projeto importante do governo -não pela relevância para a sociedade, mas por simples picuinha. Agora mesmo, na negociação da reforma da Previdência, temos assistido a ridículos acessos de ciúmes por parte daqueles que se sentem excluídos de uma negociação que, diga-se de passagem, está aberta há meses. Nenhuma crítica importante, nenhuma sugestão. Apenas o choro de quem se acha indispensável..."
Leandro Fraga Guimarães (São Paulo, SP)
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"Ouço nas ruas, leio nos jornais e revistas que os nossos políticos são péssimos, somente agem em interesse próprio e que jamais colocam a nação e o povo brasileiro em primeiro lugar. À primeira vista, fica a impressão de que eles são oriundos de outros planetas ou de outros países. Porém, com mais calma, verifica-se que os nossos representantes e mandatários são procedentes do mesmo meio em que vivemos, possuem os mesmos hábitos que possuímos. A única diferença que existe é que eles estão num patamar mais alto e, por isso mesmo, seus atos e atitudes nos parecem mais danosos do que aqueles que, em nosso dia-a-dia, praticamos. Qual de nós, podendo pagar menos, procura pagar o preço correto? Levar vantagem em tudo é nossa lei."
Edmir Pelli (Aracaju, SE)
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"Depois de tanto ler vários artigos contrários ao Sivam de conceituados doutores no assunto e de ver a manobra feita pelo Senado, passo ter a mesma opinião do líder petista José Dirceu: 'Se aprovarem o Sivam, vamos botar pra quebrar. Vamos radicalizar'. E não sou petista, muito menos comunista."
Dimas de Mello Braga (Curitiba, PR)

Terras indígenas
"O novo decreto de remarcação das terras indígenas compromete gravemente a sobrevivência desses povos porque abre espaço para manifestação de todos aqueles que quiserem contestar a posse dessas terras. E sabemos que todos os interessados nessas terras fazem parte do círculo do poder, das forças políticas e econômicas do Estado brasileiro. Os índios, por sua vez, poderão participar do processo de demarcação de suas terras, mas a voz última será a do ministro da Justiça. Com o novo decreto, os índios correm o risco de ter as suas terras diminuídas, favorecendo-se assim os invasores, grileiros, fazendeiros, madeireiros, garimpeiros etc. Os donos do poder no Mato Grosso do Sul já contestam as minguadas e pequenas reservas dos guaranis-kaiowás, os mesmos que estão se suicidando por falta de terra e de perspectiva. E os povos indigenas não terão como ampliar suas áreas pois o decreto exclui essa possibilidade."
Roberto Antonio Liebgott, secretário-adjunto do Cimi -Conselho Indigenista Missionário (Brasília, DF)

Vestibular previsível
"Trabalhando há mais de dez anos na área de redação, preparando candidatos a vestibulares, permito-me fazer algumas análises sobre o mal-estar gerado pelo vestibular da Unicamp. O vestibular da Unicamp é o mais previsível de todos. Por quê? Os professores, os alunos, todos sabemos que ler revistas e jornais, a Folha entre eles, é a melhor receita para ser bem-sucedido no vestibular de Campinas. Basta acompanhar revistas e jornais com espírito crítico para estar apto. E a Unicamp não faz segredo disso. Aliás, isso está até no manual e no próprio cabeçalho da prova. Nós mesmos já havíamos trabalhado em sala de aula com temas afins sobre a questão da ingerência do Estado na vida do cidadão (primeira prova) e com a temática sobre informática (segunda prova). Não há, portanto, má-fé, intenção de fraude ou crime por parte dos professores da Unicamp. O que a Unicamp precisa resolver é o problema da vinculação de professores que militam na escola regular e ao mesmo tempo estão vinculados à comissão responsável pelo vestibular."
Luiz Puntel (Ribeirão Preto, SP)

Viagem à índia
"Diante do atual quadro nacional, nada como uma viagem à Índia. Um intercâmbio científico e cultural com o país que tem o know-how da pobreza, da fome e da miséria. Onde a vaca é sagrada e o povo está no brejo. Será coincidência ou preparação para o desfecho do plano econômico? Lá até tigre usa bengala, recusando a aposentadoria. Poderia ser a solução para o INSS. Se tivesse sobrado um tempinho, a comitiva presidencial poderia ter aproveitado para meditar no Tibete e conferir se o bispo já não esteve por lá. As semelhanças entre Brasil e Índia são inúmeras. Eles têm a bomba, nós temos Angra. Jorge Benjor canta o palácio indiano, Ravi Shankar encanta os nossos palacianos. É um povo alegre tal qual o nosso. Será que tem Carnaval? O Marco Maciel lá seria Rei Momo..."
Leocadio Lustosa (Cascavel, PR)

Os líderes sem-terra
"Diolinda Alves de Souza e séquito do movimento sem-terra dizem-se perseguidos pela Justiça e polícia. Eles talvez não saibam que vivemos num Estado de Direito: quando não se cumpre a lei, arca-se com a consequência. Umas palmadas no traseiro colocariam um bocado de juízo em cabeças tão cheias de veleidades revolucionárias."
André Barroso de Mello (Fortaleza, CE)

Clubes do Paraná
"A Federação Paranaense de Futebol em 10/10 agradeceu à Folha pelo espaço dado ao futebol do Paraná, enaltecendo o trabalho dos filiados pela conquista da divisão especial. Atlético Paranaense e Coritiba, campeão e vice da 2ª divisão, alçados à divisão especial, o fizeram pelo trabalho digno de seus dirigentes e atletas, sem o apoio da federação. Coritiba e Atlético Paranaense voltaram à divisão de elite do futebol brasileiro, de onde nunca deveriam ter saído. Ambos têm invejáveis patrimônios e torcidas que proporcionaram invejáveis arrecadações, justificando as suas presenças entre os grandes, sem favores ou agradecimentos."
Júlio Militão da Silva, vice-presidente do Conselho Deliberativo do Coritiba (Curitiba, PR)

Pelé por Pelé
"Lendo artigo assinado por Pelé, publicado no caderno especial sobre o Campeonato Paulista, uma vez mais me decepcionei com a falta de modéstia do atleta do século. Em artigo em que deveria comentar o campeonato de 1996, o rei não perdeu a majestade e referiu-se apenas a si próprio."
Ernani Soares Marques de Sousa (São Paulo, SP)

Reajuste do funcionalismo
"O governo promete uma correção na data-base de 10,84%, que corresponde, na linguagem administrativa, ao IPC-r acumulado de janeiro a junho de 1995. Pergunto: o que houve no período de julho a dezembro? Foi deflação? Por que os juros bancários estão variando de 9% a 18% ao mês?"
Carlos Antônio Pravato (Juiz de Fora, MG)

Deficientes
"É dramática a situação dos deficientes físicos que precisam de escola pública. Meu filho de 16 anos é paraplégico. Com a mudança das escolas públicas, perdeu a de perto de casa. Procurei 12 escolas em local melhor, mas não haviam rampas, salas térreas ou transporte. E a lei 7.853 que trata dos deficientes? Acabou ou o quê?"
Helena Luiza dos Santos (São Paulo, SP)

Movimento
"O fraternismo é um movimento acéfalo que pretende alcançar um número maior de pessoas. Nenhuma influência política, religiosa ou sectária -visa a paz, o amor e o aperfeiçoamento dos sentimentos de cada um."
Luiz Gonzaga dos Santos (Rio de Janeiro, RJ)

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