São Paulo, terça-feira, 30 de janeiro de 1996
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Pepino eleva renda de agricultor no PR

JOSÉ ALBERTO GONÇALVES
ENVIADO ESPECIAL A FLORESTA (PR)

Desanimados com a renda gerada pelos grãos, pequenos produtores de Floresta, no norte do Paraná, começam a diversificar suas propriedades, conduzidas em regime de agricultura familiar.
Fugindo dos empréstimos bancários, 86 agricultores fundaram em junho de 95 uma associação, com o apoio da CPT (Comissão Pastoral da Terra), e plantaram 200 mil pés de pepino, 4.200 de maracujá, 2.000 pés de figo e 20 ha de milho doce.
A produção dessa novas culturas está sendo destinada a agroindústrias localizadas na região, que negociam com a associação o preço a ser pago ao agricultor.
"Queremos cultivar produtos que gerem mais mais renda em pequenas propriedades", afirma Francisco Carlos de Marchi, presidente da Arpaf (Associação Rural dos Produtores de Floresta).
Segundo Marchi, nos últimos dois anos o preço dos insumos subiu muito, encarecendo o custo de produção dos grãos. Enquanto isso, os preços dos produtos agrícolas estacionaram ou caíram.
"Não podemos ficar concentrados na produção de soja e trigo. O cultivo de grãos em pequenas propriedades não é mais suficiente para garantir a sobrevivência", diz.
Cultivado em áreas de no máximo 3 mil m2, o pepino destinado à indústria de conserva gera, proporcionalmente, uma renda bem maior que a obtida com a soja.
Alcides Gomes Reis, 31, plantou 10 mil pés de pepino numa área de 3.000 m2.
Faturou R$ 3.750 na venda de 12,5 mil kg de pepino para a indústria de conserva. Como ele gastou R$ 1.500 na lavoura, sua receita líquida atingiu R$ 1.250.
Nos 25 ha semeados com soja, Reis espera faturar R$ 5.000 líquidos, equivalentes a 20 sacas/ha. A cifra é apenas quatro vezes maior que o lucro gerado pelo pepino em menos de um terço de um hectare.
"Há dez anos minha receita líquida com a soja não ficava abaixo de 27 sacas por hectare", diz.
Na primeira safra de pepino, plantada em agosto e setembro e colhida em novembro, a produção dos 200 mil pés implantados em Floresta alcançou 250 t.
Na nova safra, plantada em novembro e dezembro, com colheita entre este mês e fevereiro, os agricultores ampliaram sua lavoura para 220 mil pés. A produção total poderá alcançar 275 t.
A produção é fornecida a uma indústria, que paga R$ 0,30/kg.

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