São Paulo, terça-feira, 30 de janeiro de 1996
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'Guerra do tomate' acelera investimentos

CARMEN BARCELLOS
FREE-LANCE PARA A FOLHA

As vendas de molhos de tomate cresceram 37%, passando de 40 mil t, em 94, para 54,9 mil t no ano passado, segundo pesquisa da Nielsen Mídia e Marketing.
O consumo nacional de extratos aumentou 26%, subindo de 67,4 mil t para 85,1 mil t no mesmo período.
Para este ano, a previsão das indústrias é de mais crescimento.
"A expansão pode ser explicada pela entrada no mercado de pessoas de baixa renda e pela maior procura por produtos prontos", diz Dan Andrei, diretor de operações da Paoletti (marca Etti).
A Paoletti teve um aumento de demanda de 20% em 95, 5% acima do previsto, segundo Andrei.
A indústria, que detém 20% do mercado, processou em 95 cerca de 140 mil t de tomates para produzir 20 mil t de polpa. Outras 18 mil t foram importadas.
Em 96, Andrei prevê aumento entre 10% e 12% nas vendas."Vamos ampliar o esmagamento de tomate para 150 mil t", diz.
A Cica, que lidera o mercado com 40% de participação, vendeu 8% a mais em 95.
E a previsão para este ano é de mais 10%, diz Ronald Rodrigues, diretor de assuntos corporativos.
Para atender à elevação também de 10% na produção de polpa, a Cica contratou 200 produtores, totalizando 1.200, nas regiões de suas fábricas, em Minas Gerais, Bahia e São Paulo.
A Arisco, que prefere não revelar informações sobre suas vendas, prevê um crescimento de 30% no processamento de tomates que, em 95, foi de 200 mil t.
"Vamos aumentar a área de plantio em Goiás de 2.200 ha para 3.500 ha", afirma Carmello Paoletti, diretor industrial.
A concorrência no setor promete acirrar-se ainda mais com os investimentos da Peixe, da Parmalat e da Nestlé.
A Peixe quer reconquistar a fatia de mercado perdida nos últimos dois anos, após o pedido de falência da holding que a controlava, a Serra da Pipoca Agropecuária.
Sua recuperação teve início em junho passado, quando a empresa foi comprada pela Kieppe Investimentos, do grupo Odebrecht.
"Pretendemos elevar as vendas entre 20% e 25% neste ano", diz Laércio Nery, presidente da Peixe.
A marca, que é a mais antiga e chegou a dominar 30% do mercado há 20 anos, detém hoje 8%.
A meta, segundo Nery, é atingir 10% ainda em 96 e 15% até 98.
Para isso, estão programados investimentos de R$ 5 milhões este ano, sendo 70% em marketing.
"Temos um mercado muito amplo para explorar. O consumo per capita no Brasil equivale a 5 kg de tomate processado por ano, enquanto nos Estados Unidos chega a 35 kg", diz Nery.
A Nestlé, que produzia apenas molhos especiais, investiu no ano passado R$ 2 milhões no lançamento de produtos básicos (extrato, purê e polpa) da marca Maggi.
Já a Parmalat pretende multiplicar suas vendas explorando a troca do nome dos produtos, de Pomito para Parmalat.

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