São Paulo, terça-feira, 30 de janeiro de 1996
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Stone é cotada para Oscar com 'Cassino'

DANIELA FALCÃO
DE NOVA YORK

"Cassino" -novo filme do diretor Martin Scorsese estrelado por Robert De Niro, Joe Pesci e Sharon Stone-, que deve estrear no Brasil em 15 de março, será um dos longas que provavelmente sairá do Oscar 96 com pelo menos uma estatueta.
Afinal, tanto De Niro, quanto Pesci e Scorsese já foram premiados pela Academia e seus nomes fazem parte de qualquer lista de prováveis vencedores.
Mas por incrível que pareça, quem tem mais chances de conseguir a premiação desta vez é a atriz Sharon Stone. Na semana passada, ela conquistou o Globo de Ouro de melhor atriz de drama e terminou sendo uma das maiores surpresas da noite.
Como o Globo de Ouro é considerado uma prévia do Oscar, as chances de Stone levar a estatueta aumentaram consideravelmente.
Em "Cassino", ela faz o papel de Ginger McKenna, ex-garota de programa que se casa com o judeu Sam Ace Rothstein (De Niro), encarregado pela máfia italiana de controlar os cassinos de Las Vegas há 30 anos.
O novo filme de Scorsese é baseado numa história real sobre o apogeu da "cosa nostra" nas casas de aposta em 1960 e as brigas internas que terminaram levando boa parte dos mafiosos para trás das grades no fim dos anos 70.
Rothstein é o nome fictício de Frank 'Lefty' Rosenthal. Milagrosamente, ele conseguiu sobreviver a um atentado a bomba e, mais incrível ainda, escapar sem uma condenação do julgamento que acabou com o domínio da máfia italiana nos Estados Unidos.
Ginger McKenna não tem a mesma sorte e termina morrendo de overdose num quarto vagabundo de motel. Mas, antes de morrer, ela dá a Stone a chance de mostrar que amadureceu como atriz e que é mais do que diva sexy do cinema norte-americano.
Como a categoria de melhor atriz do Oscar 96 está muito concorrida (com Emma Thompson em "Razão e Sensibilidade", Merryl Streep em "As Pontes de Madison" e Susan Sarandon em "Dead Man Walking"), os produtores de "Cassino" estão fazendo de tudo para que Stone seja indicada para melhor atriz coadjuvante.
Em entrevista recente à Folha, a atriz disse que quer ganhar o Oscar para conseguir o respeito que ela merece em Hollywood.
Violento
Apesar de Stone ter boas chances de conseguir o Oscar, a probabilidade de "Cassino" levar o prêmio de melhor filme é remota.
Porque além de o filme ser longo (tem três horas de duração), Scorsese foi acusado pela imprensa norte-americana de glamourizar a máfia e de ser violento demais.
Não é para menos: 22 pessoas são assassinadas ao longo dos 180 minutos de projeção, duas são queimadas vivas e pelo menos 14 tipos de objetos diferentes são usados como armas. Scorsese se defendeu afirmando que sua violência não era gratuita e que Las Vegas tinha mais glamour na época em que era controlada pela máfia.
Outro fato que reduziu as chances de "Cassino" levar o Oscar de melhor filme foi seu fraco desempenho de bilheteria.
O filme de Scorsese estreou em cadeia nacional nos EUA no fim de novembro, no mesmo dia do badaladíssimo "Toy Story". Talvez por isso, só conseguiu o quinto lugar entre os filmes que atraíram maior público na semana. Sete dias depois, conseguiu recuperar parte do prejuízo arrecadando US$ 24 milhões e subindo para o terceiro lugar. Só que ainda está longe de ser considerado sucesso de público.
Repetição
Scorsese é um dos cineastas mais respeitados de Hollywood, mas em 1996 ele corre o risco de não ser sequer indicado para a categoria de melhor diretor.
É que "Cassino" foi considerado parecido demais com outro filme de Scorsese, "Os Bons Companheiros".
Além de falar sobre a máfia italiana, os dois filmes são baseados em livros escritos pelo jornalista ítalo-americano Nicholas Pilleggi (leia texto abaixo). E ambos têm como protagonistas dois mafiosos interpretados por De Niro e Pesci.

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