São Paulo, terça-feira, 30 de janeiro de 1996
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Os custos da leitura

Recente levantamento feito pela Folha, relativo aos preços de livros técnicos e de ficção, registra que, para um leitor bilíngue, muitas vezes é mais econômico importar determinada obra, ou comprá-la no país de origem, do que adquirir sua tradução em língua portuguesa. Em outros casos, algumas traduções inglesas de obras literárias brasileiras custam menos que os originais.
Não se pode, é claro, ignorar o argumento de vários editores em defesa dos altos preços dos livros nacionais: num país de poucos leitores assíduos, as tiragens não podem superar a atual média de 3.000 exemplares para cada obra, enquanto a elevada demanda do público norte-americano, por exemplo, faz com que a tiragem de 100 mil seja considerada pequena.
Porém a prática dos atuais preços acaba afinal inibindo ainda mais a expansão do público leitor ou, na melhor das hipóteses, incentivando o mercado negro do xerox, hoje bastante ativo no caso dos livros técnicos e didáticos. Mas a longo prazo, nessa corrida contra os custos, tanto o mercado editorial quanto os leitores saem perdendo.
A única alternativa para esse indesejável círculo vicioso seria abaixar os preços e assim vender mais. Há de se considerar, além disso, que uma maior disponibilidade de edições populares também contribuiria, em grande parte, para que esse público leitor ainda retraído tivesse um acesso mais facilitado aos livros de seu interesse.
É preciso buscar soluções que se adaptem às reais demandas e disponibilidades do mercado.

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