São Paulo, quarta-feira, 31 de janeiro de 1996
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CMN pode acabar hoje com talão gratuito

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Pode sair hoje o fim do dispositivo que garante aos clientes dos bancos um talão de cheques gratuito por mês.
A medida, solicitada pela Febraban (Federação Brasileira das Associações dos Bancos), deve entrar na pauta da reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional), disse Lázaro de Mello Brandão, presidente do Bradesco.
Oficialmente, o CMN deve definir regras para a renegociação de R$ 7 bilhões em dívidas de agricultores e aprovar ajuda emergencial de R$ 40 milhões aos agricultores vítimas da seca no Rio Grande do Sul.
Pela manhã, haverá reunião técnica para definir se a proposta de elevar os ganhos da caderneta de poupança.
Custos
"O fim do talonário gratuito tem chance de sair amanhã (hoje). O governo já compreendeu que não se justifica isentar os clientes dessa tarifa", disse Brandão.
Segundo ele, de cada três talões fornecidos pelo Bradesco, dois são isentos de tarifas devido à resolução 1.568 do BC, baixada em janeiro de 1989 para proteger os correntistas de baixa renda.
"Isso é um grande fator de custo para os bancos."
Brandão argumenta que hoje em dia os bancos já fornecem cartões magnéticos para que os clientes de baixa renda movimentem seus salários nos caixas eletrônicos.
Como a receita proveniente da cobrança de tarifas tornou-se mais importante para os bancos depois da queda da inflação, é natural que as instituições sejam autorizadas a cobrar por todos os serviços que oferecem, sustenta a Febraban.
A resolução 1.568 prevê oito situações de tarifas gratuitas -como transferências entre agências de um banco numa mesma praça e lançamentos em conta corrente.
Segundo Maurício Schulman, presidente da Febraban, a idéia do setor é acabar com toda a lista. No entanto, o governo poderá isentar a emissão de cartão magnético, em contrapartida à cobrança pelos talões de cheques, disse à Folha na semana passada o presidente do Banco Central, Gustavo Loyola.
Balanço
Para o Bradesco -que ontem publicou seu balanço anual-, a cobrança de tarifas gerou uma receita de cerca de R$ 1 bilhão em 1995, num crescimento real (fora a inflação) de 41% sobre 1994.
Para se ter uma idéia da importância dessa receita, basta compará-la com as provisões que o banco fez para se precaver de calotes em créditos de liquidação duvidosa (60 dias ou mais de atrasos): R$ 976,7 milhões. Ou, então, com o lucro líquido: R$ 540,1 milhões.
"Fomos bem conservadores, provisionamos 1,6 vezes o valor dos créditos em liquidação", disse Brandão.
Para 1996, o Bradesco não espera um ano fácil. "Vamos continuar fazendo das tripas coração para manter os resultados", afirmou o presidente do Bradesco.

Colaborou a Sucursal de Brasília

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