São Paulo, quarta-feira, 31 de janeiro de 1996
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Plano tenta evitar fraude contra FGTS

VIVALDO DE SOUSA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CEF (Caixa Econômica Federal) começa a testar em fevereiro um programa de computador para descobrir fraudes contra o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), disse ontem o diretor de fundos da instituição, Walter Hiebert.
Segundo ele, há indícios de que empregados e empregadores fazem acordos onde o trabalhador é demitido. Ele devolve a multa de 40% para a empresa, saca seu FGTS e volta a ser contratado pelo ex-empregador.
Pela legislação, o trabalhador demitido sem justa causa pode sacar o FGTS e ainda recebe uma multa de 40% sobre o saldo, paga pela empresa, a título de rescisão de contrato.
O acordo pelo qual o trabalhador devolve à empresa a multa é considerado fraude pelo governo. Mesmo sem o funcionamento do programa, já foram descobertos, em Brasília, 150 fraudes.
Em Belém (PA), a CEF descobriu outros 200 casos de pessoas que simularam a compra da casa própria para sacar seu FGTS. Nas duas situações, os processos foram enviados para a Polícia Federal.
Ao sacar o FGTS, o trabalhador terá seu nome inserido no programa criado pela CEF. Qualquer novo depósito feito em seu nome no fundo será rastreado pelo sistema.
O programa não acaba com a fraude. Se o trabalhador demitido tiver feito um acordo porque deixou de trabalhar ou trocou de emprego, a CEF não terá pistas para investigar se a demissão foi fraudulenta ou não.
"Existe na maior parte do Brasil uma cultura de fazer acordo para sacar os recursos do FGTS", afirmou Hiebert.
Além de aumentar a fiscalização, a CEF vai apresentar ao ministro do Trabalho, Paulo Paiva, algumas sugestões para reduzir os saques no fundo.
Uma das propostas é que o saque do FGTS em caso de demissão seja parcelado. O trabalhador só teria direito a sacar por mês o equivalente ao seu último salário.
Se voltar a trabalhar antes de retirar todo o dinheiro, o saldo restante permaneceria depositado.
Hiebert disse que o dinheiro da multa também deveria ficar na conta do FGTS por um período de 30 dias antes de ser sacado. Com isso, ele imagina que as empresas seriam desestimuladas a fazer acordos. Em 1995, os saques do FGTS ficaram em 91,59% dos R$ 9,7 bilhões (US$ 10,7 bilhões).
O saldo líquido (arrecadação menos saques) de 1994 foi melhor. Dos US$ 7,5 bilhões arrecadados, os trabalhadores sacaram US$ 5,7 bilhões (78,67%). Hiebert disse que 90% dos saques foram feitos por motivo de demissão.
Qualquer mudança nas regras de saque do FGTS, porém, precisa ser aprovada pelo Congresso.

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