São Paulo, terça-feira, 1 de outubro de 1996
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Corretora carioca diz ter ganho R$ 331 mil

DA SUCURSAL DO RIO

O diretor de Operações da Contrato Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários, João Gualberto Teixeira de Mello, 34, disse ontem que sua empresa foi somente intermediária em operações com títulos com vencimento para 1995 e 1997, na qual o município de São Paulo perdeu R$ 1,76 milhão.
Segundo Mello, foram duas operações e o lucro da sua empresa foi de R$ 331 mil.
O restante do prejuízo do município seria decorrente da passagem das LFTMSP (Letras Financeiras do Tesouro Municipal de São Paulo), com vencimento em 95, para o mercado.
Em seguida, o governo municipal vendeu para a Contrato LFTMSP vencíveis em 1997 por R$ 51,74 milhões e recomprou, no final do dia, o lote por R$ 53,50 milhões.
O diretor da Contrato disse que, até onde ele lembra, foi a única operação com essas características que sua distribuidora fez desde que ele entrou de sócio para ela, em agosto de 1993.
Segundo ele, a operação foi na verdade uma colocação no mercado de papéis de curto prazo (1995) e um giro de papéis de longo prazo (vencimento em 1997).
Caixa
Segundo ele, a operação teve características de decorrer de uma necessidade de caixa do município. Ele afirmou que as razões não lhe foram explicadas e que elas não são da sua competência, e sim da Prefeitura de São Paulo.
Mello disse que desde 1993 a Contrato era dealer (operador credenciado) da Prefeitura de São Paulo. Ele disse ainda que a empresa também fez colocações de títulos para o governo do Estado do Rio de Janeiro.
Ele disse ainda que sempre tratou diretamente com Wagner Batista Ramos, responsável pela dívida pública municipal.
Mello afirmou que somente uma vez o então secretário Celso Pitta falou direto com a distribuidora para autorizar uma operação, isso antes da sua entrada para a Contrato.
Banespa
A assessoria de imprensa do grupo Banespa declarou ontem que a venda de dois lotes de Letras Financeiras do Tesouro Municipal (LFTMs) para a distribuidora de títulos e valores mobiliários Contrato foi "absolutamente normal".
A corretora Banespa foi responsável pela intermediação do negócio, de R$ 51.743.651,50.
"O Banespa é gestor dos papéis do tesouro municipal. Vendemos e compramos sempre conforme determinação da prefeitura. É ela quem determina o preço e para quem vender", disse o assessor Luciano Ornellas.
Ornellas disse que a corretora "não sabe mais o que acontece com os títulos" depois da venda. "O Banespa é só intermediário. A prefeitura é quem está vendendo", afirmou.
Quanto à autorização por escrito para a venda -dada pelo então secretário de Finanças e hoje candidato do PPB à Prefeitura de São Paulo, Celso Pitta-, Ornellas afirmou que a exigência faz parte do contrato entre a corretora e a prefeitura. "É praxe de mercado."

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