São Paulo, terça-feira, 1 de outubro de 1996
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Presas fazem rebelião em São Paulo

DA REPORTAGEM LOCAL

As 457 presas da Cadeia Pública 1 de São Paulo se rebelaram ontem, às 6h. Elas queimaram colchões e destruíram cerca de 90% do telhado da prisão. A rebelião durou cerca de seis horas.
Não houve tentativa de fuga. As detentas exigiam a transferência das 258 presas condenadas pela Justiça para o sistema prisional.
Nas cadeias públicas deveriam permanecer somente as detentas que estão aguardando julgamento.
Aquelas que já estivessem condenadas deveriam ser mandadas ao sistema prisional.
As presas também reclamavam da inexistência de banho de sol na cadeia e pediram a presença do juiz-corregedor da Polícia Judiciária da Capital.
A movimentação havia acalmado durante a noite, mas irrompeu com mais força pouco antes de elas receberem o café da manhã.
As detentas arrebentaram os cadeados das celas e dominaram as quatro alas da prisão. Nenhum carcereiro foi feito refém.
Cerco
Em seguida, teriam passado a pôr fogo nos colchões e cobertores e a arrebentar o encanamento da cadeia. O Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubo e Assaltos) foi chamado e cercou o prédio.
O Corpo de Bombeiros também foi chamado para apagar o fogo. Em seguida, as detentas subiram no teto da cadeia e começaram a atirar as telhas ao chão.
Os carcereiros deixaram o pátio interno e se concentraram nas muralhas e na portaria da prisão. Por volta das 11h, o juiz-corregedor Francisco Galvão Bruno chegou ao presídio e recebeu uma comissão de detentas.
A negociação foi feita na diretoria da prisão e durou cerca de uma hora. O juiz concordou com a transferência de parte das detentas para penitenciárias, mas, como a prisão é inteiramente fechada, não pôde conceder o banho de sol.
Após o término da reunião, a comissão de presas voltou para as alas, e a rebelião acabou. Imediatamente, iniciou-se a limpeza das celas do presídio. Segundo a polícia, ninguém ficou ferido.
Prejuízos
A direção da prisão não soube precisar o tamanho do prejuízo causado pela revolta. A previsão é que levaria pelos menos duas semanas para pôr um novo telhado em todas as alas.
Até o começo da noite de ontem, nenhuma presa havia sido transferida. Caso não fosse feita ontem, a transferência de pelos menos 50 presas deveria ser feita hoje.
A Cadeia Pública 1 pode abrigar 512 presas. Ela estava com duas celas (16 vagas) interditadas, mas possuía, ainda, 39 vagas para novas detentas. Ao todo, cerca de cem policiais trabalham na cadeia.

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