São Paulo, terça-feira, 1 de outubro de 1996 |
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Camelô vende armas na rua no Paraguai
SERGIO TORRES
As armas e caixas de balas ficam escondidas em meio a mercadorias típicas de camelôs: canivetes, isqueiros, lanternas etc. Pedro Juan Caballero é o principal pólo de fornecimento de armas para as quadrilhas criminosas instaladas no Rio, de acordo com a PF (Polícia Federal). Na semana passada, o governo dos EUA anunciou o cancelamento da exportação de armas para o Paraguai. A medida -em atendimento a pedido do governo brasileiro- se deve à constatação de que 70% das armas apreendidas com criminosos no Rio entraram no Brasil pelo Paraguai. Em Pedro Juan Caballero, funcionam cerca de 20 lojas especializadas na venda de armamentos. Desde 95, está proibida a venda de armas pesadas, como os fuzis AR-15 e Ruger, os preferidos das quadrilhas cariocas. A proibição não interrompeu as vendas; criou um mercado clandestino do qual participam comerciantes legais e camelôs. Os ambulantes de Pedro Juan Caballero não vendem fuzis e metralhadoras, mas indicam onde essas armas podem ser achadas. Nos tabuleiros, eles trabalham com armas mais fáceis de esconder: revólveres calibres 22 e 38 e pistolas 9 mm. Os camelôs de armas costumam oferecer seus produtos nos fins-de-semana, quando as ruas são tomadas por sacoleiros. Ponta Porã e Pedro Juan Caballero são separados pela avenida Internacional. Basta atravessar a avenida que se muda de país. Não há qualquer tipo de fiscalização, o que facilita a ação dos camelôs. As caixas com balas para fuzis AR-15 custam de US$ 10 a US$ 15, contra US$ 25 nas lojas. Na quarta-feira passada, na principal avenida do centro comercial, meninos com cerca de 12 anos mostravam a fregueses revólveres de bolso calibre 22. Fabricadas nos EUA, as armas eram oferecidas a US$ 180. Na loja China (a mais luxuosa da cidade), custam US$ 240. Com os camelôs, pistolas calibre 9 mm podem ser encontradas por até US$ 300, contra US$ 500 nas lojas. A facilidade de comprar armas faz com que a região seja considerada uma das mais violentas do Mato Grosso do Sul. "Aqui se costuma dizer: festa e briga sem tiro não têm graça", disse à Folha o comerciário Natanael Pacheco, 45. Texto Anterior: IPTU não deve ter aumento Próximo Texto: Outras rotas não são mapeadas Índice |
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