São Paulo, terça-feira, 1 de outubro de 1996
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Rodízio: ação preventiva

ANTÔNIO GERASSI NETO

Todo cidadão tem direito à saúde, educação, segurança, transporte. São condições inerentes à pessoa humana porque estão ligados ao conceito social da vida do homem em comunidade.
O acesso a um ambiente ecologicamente equilibrado e sua manutenção são regra e cabe ao Estado a sua garantia.
O trato das questões ambientais nesse novo modelo de gestão que se tem implantado na Cetesb sinaliza as efetivas intenções em contemplar os paulistanos com as desejáveis condições de qualidade de vida, legislando, monitorando, normatizando, diminuindo e prevenindo sobre a indesejável influência dos agentes poluidores.
A questão do transporte (individual ou coletivo, sobre rodas ou trilhos) transforma dia-a-dia a vida da coletividade.
Cerca de 90% da poluição do ar na região metropolitana de São Paulo é provocada diretamente por veículos automotores; pesquisas realizadas pela USP/Faculdade de Medicina durante 1990/91 indicam que a população na faixa etária de 5 anos e acima de 65 anos está sujeita a um aumento de 13% de mortalidade, em decorrência de doenças cardiorrespiratórias, no período do inverno.
Na mão da industrialização (que gera empregos), a contramão da carência de investimentos nesses acessórios desarticula qualquer plano integrado de transportes.
Por tudo o que foi veiculado sobre a Operação Rodízio, indiscutivelmente o saldo é positivo. Ganhou a população, quer pela qualidade do ar decorrente do não-lançamento de 6,6 mil toneladas de monóxido de carbono na atmosfera quer pelos baixos índices de congestionamentos, chegando a ser reduzidos cerca de 39%, com uma economia de R$ 24 milhões em combustíveis, pela não-circulação de cerca de 460 mil veículos/dia. Os benefícios atingiram também quem andou de ônibus, que esperou menos nos pontos, economizando cerca de 14,3 milhões de horas! O número de veículos quebrados nas ruas caiu 28% e os acidentes de trânsito sem vítimas diminuíram 17%. Por esses fatores, verificamos a importância da responsabilidade com a preservação da saúde pública que a prática dessa operação pode alcançar.
O rodízio, definitivamente, tem que ser encarado como uma "ação preventiva". O uso da chamada "camisinha", previne, entre outras coisas, a contaminação pela Aids... Ela, isoladamente, não extermina a moléstia; seria incorreto, porém, afirmar que nada se tem feito na direção da cura; vários são os programas, estudos, análises, experimentos etc. Finalizando, o cigarro não faz mal à saúde (assim gostaria de se expressar qualquer diretor de marketing das empresas do setor)...

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