São Paulo, terça-feira, 1 de outubro de 1996
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Malan descarta inflação zero a curto prazo

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O ministro da Fazenda, Pedro Malan, atacou ontem em Washington os defensores da tese da inflação zero no Brasil.
"Não estamos nesse ponto ainda. Essa discussão é relevante nos países da Europa, que têm variações anuais de inflação de 0,5%. É errado transpor isso para o Brasil", afirmou Malan.
Antes, em palestra a empresários reunidos pela Câmara Brasileiro-Americana de Comércio, o ministro havia dito que esse debate é "bullshit" (expressão vulgar em inglês que significa disparate, despautério, mas literalmente quer dizer cocô de touro). A platéia riu e bateu palmas. A jornalistas brasileiros, pediu que tomassem cuidado ao traduzirem a palavra.
Malan, que está em Washington para participar da reunião anual do Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial, afirmou que os formuladores do Plano Real nunca disseram que a inflação zero estava entre os seus objetivos.
O Plano Real, segundo ele, está provando que não há incompatibilidade entre o controle da inflação e o crescimento econômico.
"Não houve, não há e não vai haver recessão no Brasil. Crescimento anual de 3% a 4% não é recessão em lugar algum", disse.
Para Malan, o crescimento do PNB no ano passado, da ordem de 4,5%, equivale a 5,2% na década de 70, quando o índice de aumento populacional era cerca de um ponto percentual superior ao atual. "Recessão tiveram o México e a Argentina", afirmou.
O ministro disse que o governo está criando as condições para crescimento sustentado de, na média, 6% a 7% ao ano. Para isso, é necessário superar "problemas fundamentais", quase todos na área pública.
Modernizar o Estado, reformar a administração, privatizar estatais, consolidar o orçamento e diminuir a despoupança do setor público são as prioridades.
Malan declarou estar tranquilo em relação às contas externas. "Não entro no histerismo do acompanhamento mensal da balança comercial." Ele afirmou que o país tem reservas externas no valor de US$ 59 bilhões e recebeu nos primeiros oito meses de 1996 investimentos diretos do exterior no valor de US$ 5,4 bilhões, o que considera demonstração de confiança do mercado no Brasil.

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