São Paulo, terça-feira, 1 de outubro de 1996
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Governo prejudicou bancos, diz pesquisador

GILSON SCHWARTZ
DE WASHINGTON

Os problemas no sistema bancário brasileiro foram causados pelo governo, não pelo fim da inflação. Também ao contrário do que pregam as autoridades, não há excesso de bancos em relação do PIB no país. As duas teses estão no trabalho "Overbanking no Brasil", preparado para a Associação Brasileira de Bancos Comerciais e Múltiplos (ABBC) pelo pesquisador da Fipe, Roberto Luis Troster, divulgado ontem em Washington.
Há uma quantidade apreciável de relatórios e livros novos sendo distribuídos nessa reunião do FMI sobre problemas bancários em mercados emergentes.
Uma das teses predominantes diz que há incapacidade gerencial nos bancos centrais de países em desenvolvimento. As autoridades, como o ministro Pedro Malan, rebatem dizendo que há séculos existem quebras bancárias ou que elas ocorrem em todos os lugares, mas principalmente, no caso do Brasil, atribuindo os problemas ao fim das "receitas inflacionárias".
Troster rebate essas idéias. Apurando a metodologia, ele diz que "há uma atrofia ao invés de um inchaço" do sistema bancário no Brasil. A experiência internacional mostra que a queda da inflação favorece o crescimento do sistema. Para o pesquisador da Fipe, a conclusão mais importante de seu trabalho é "que o uso inadequado de instrumentos de política econômica causou a crise". Uma perda de horizontes de ganho (como resultado do fim da inflação alta) poderia provocar um ajuste gradual, nunca um ajuste violento.
No seu trabalho, Troster conclui que a participação dos bancos no PIB é da ordem de 1% a 3,7%, contra estatísticas do IBGE que chegam a 7,7% em 1995 e 25% em 1989.

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