São Paulo, terça-feira, 1 de outubro de 1996
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Antonio Dias mostra a pele na galeria

Artista tem mostras no Rio

CELSO FIORAVANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O artista plástico paraibano Antonio Dias, 52, vai ter um mês cheio: inaugura hoje uma instalação em São Paulo (também hoje, o MAM-Rio abriga uma coletiva com obra sua); abre uma outra individual, na galeria carioca Paulo Fernandes, no dia 8; e participa com Roberto Magalhães de uma mostra no Paço Imperial, no dia 15, também no Rio.
Depois volta para Colônia (Alemanha), onde mora. Ali deve desenvolver um projeto de uma concorrência internacional para a realização de uma obra para o hall central do banco de Dresden.
A obra deverá ocupar um cubo regular de dez metros de altura e concorre com trabalhos de um artista inglês e um alemão.
Dias deve ainda participar da coletiva "A Magia dos Números", no museu de arte contemporânea de Stuttgart. "Devo mostrar obras de 1973 e 1974, quando trabalhei muito a divisão do quadro entre o que era uno, o que era o inteiro e suas partes formais", disse.
O primeiro compromisso de sua agenda no Brasil é hoje, na galeria Luisa Strina, em SP, onde inaugura a instalação "Quarto de Carne com Anima".
Dias vai cobrir todas as paredes da galeria com papel em que reproduz sua própria pele. "Por volta de 1980, pensei em cobrir todo um ambiente com pele humana, mas nunca pude realizar o projeto. Agora a Folha favoreceu a impressão e eu pude realizá-lo", disse.
O trabalho lida com questões estéticas presentes em toda a obra do artista, como o corpo e o conteúdo, a transparência e o visível.
Não tem nada a ver com o conceito negativo de "o artista deixar a pele na galeria". Muito pelo contrário. Segundo Dias, esse trabalho é reflexo também de uma relação maior com a galeria.
"Eu acho essa relação entre artista e galerista contemporâneos um pouco cretina. Minha relação deve ser muito maior. Eu trouxe uma exposição de pinturas que está pronta, mas disse à Luisa que gostaria de apresentar esse projeto e ela disse 'tudo bem'. Deu a maior força. Eu quero mostrar que a galeria também é o lugar de trabalho do artista, não apenas uma instituição", disse.
Outras mostras
O MAM-Rio abre também hoje a coletiva "Transparências", em que Dias participa com a obra "Todas as Cores dos Homens".
São como quatro esqueletos, com membros superiores e inferiores, em vidro soprado, produzidos aqui no Brasil e repletos com pigmentos de diversas cores.
O vidro soprado é também o material de sua mostra "100=", que Dias inaugura no dia 8 na galeria carioca Paulo Fernandes.
"Eles começam como um osso, crescem e terminam em uma pequena abertura. Serão cheios com água e estarão pendurados por um fio no alto da galeria. São 100 múltiplos numerados e assinados."
O quarto compromisso agendado de Dias no Brasil é uma espécie de workshop no Paço Imperial, no Rio, a partir do dia 15.
O artista vai mostrar um outro trabalho sobre a pele, mas com outras imagens.
"O Paço tem o projeto em que cada artista apresenta uma técnica artística. Fomos convidados eu e o Roberto Magalhães. Vamos mostrar como funciona a serigrafia", disse Dias.
"Todos os quatro trabalhos que apresentarei agora tem a ver com o corpo. As peças de vidro são híbridos de partes do corpo. São coisas visíveis, mas transparentes, quase invisíveis. São continentes e conteúdos. Aqui na galeria também trabalho com isso, no próprio espaço físico. Essa é a base de todo o meu trabalho."

Instalação: Quarto de Carne com Anima
Artista: Antonio Dias
Onde: galeria Luisa Strina (r. Padre João Manoel, 974A, tel. 011/280-2471, Jardins) Vernissage: hoje, às 19h
Quando: até 23 de outubro

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