São Paulo, terça-feira, 1 de outubro de 1996
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Duquenne estréia no teatro após Palma de Ouro em Cannes

Ator francês com síndrome de Down foi premiado neste ano

RAUL MOREIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM PARMA

Primeiro ele ganhou a Palma de Ouro de melhor ator no Festival de Cannes deste ano. Agora, estréia nos palcos. O ator francês Pascal Duquenne, que sofre da síndrome de Down, continua a quebrar preconceitos. Ele foi a grande atração do Festival de Teatro de Parma, na Itália, ao participar de duas peças experimentais, formadas exclusivamente de portadores da doença.
Duquenne é protagonista de "L'Espace Den Jaut" e "La Gran Semaine", peças de meia hora e estrutura simples.
Na primeira, faz o papel de um operário que usa estranhos instrumentos musicais para se comunicar. Na segunda, se veste de general, marinheiro e mestre-cuca, arrancando algumas gargalhadas da platéia.
Nas apresentações, o elenco consegue extrair das gesticulações desarticuladas e das dificuldades no falar um efeito bastante expressivo, levemente beckettiano, como definiu um crítico local.
A espontaneidade dos atores, apesar do francês incompreensível, levou vários espectadores às lágrimas em alguns momentos.
Apesar do sucesso no festival de Parma, os produtores franceses não pretendem, pelo menos por enquanto, aproveitar-se da fama de Duquenne para comercializar as peças.
"Nosso objetivo principal é combater o preconceito que ainda existe em relação aos portadores da síndrome de Down, e não vender bilhetes", disseram.
Em o "Oitavo Dia", filme de Jaco Van Dormael, Duquenne interpreta um mongolóide que consegue desenvolver uma relação com uma pessoa normal.

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