São Paulo, terça-feira, 1 de outubro de 1996
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Londres vive febre de filmes 'de estante'

LUCIA MARTINS
DE LONDRES

Está aberta a temporada de filmes baseados em adaptações de clássicos da literatura inglesa. Em três sextas-feiras consecutivas, versões de romances chegam aos cinemas de Londres.
No último dia 20, foi a vez de "Emma", baseado no romance homônimo de Jane Austen, a mesma de "Razão e Sensibilidade". Uma semana depois, estreou "Jane Eyre", de Charlotte Bront‰.
E, por fim, nesta semana começa a ser exibido "Jude", baseado em "Judas, o Obscuro", de Thomas Hardy, que já teve um dos seus romances, "Tess", adaptado para o cinema por Roman Polanski.
Os três (que devem chegar ao Brasil no ano que vem) têm, sem exceções, dois grandes trunfos: são produções bem cuidadas (com destaque para fotografia e figurino) e reúnem um elenco de primeira, a maioria da nova geração de atores ingleses.
"Emma", de Douglas McGrath, é a história de uma jovem rica, solteira e bonita que, como vive em um século (19) em que as mulheres ricas não têm muito o que fazer, passa o tempo tentando conseguir maridos para as amigas.
Gwyneth Paltrow (a namorada de Brad Pitt) faz uma Emma Woodhouse divertida e inteligente, mas perde espaço para a coadjuvante Toni Collette ("O Casamento de Muriel"), uma órfã gordinha que se apaixona várias vezes e é a principal vítima de Emma em seus projetos casamenteiros.
Ewan McGregor ("Trainspotting") faz um dos possíveis pretendentes de Toni.
"Jane Eyre"
Já "Jane Eyre" não tem nada de engraçado. O filme de Franco Zeffirelli é uma mistura de dias nublados, casas escuras e frias e uma heroína pálida.
A história de Jane Eyre -uma menina órfã que, desprezada pela tia, é enviada para uma escola interna inglesa linha-dura- é feita para arrancar lágrimas de mães e tias, mas com competência.
Jane criança (Anna Paquin, de "O Piano") e adulta (Charlotte Gainsbourg) dão unidade ao personagem, mas a primeira parte do filme é extraordinariamente superior à segunda.
O romance de Jane com seu patrão, sr. Rochester (William Hurt), é inverossímil pela falta de paixão. Talvez por culpa de William Hurt.
Maria Schneider
O filme tem boas surpresas como, por exemplo, uma rápida aparição de Maria Schneider ("O Último Tango em Paris"), que faz uma sra. Rochester louca.
Mas "Jude" é o que mais desperta vontade no espectador de (re)ler o romance assim que chegar em casa.
Como "Jane Eyre", Jude Fawley (Chris Eccleston, conhecido por "Cova Rasa") é um pedreiro do século 19 que quer entrar na Universidade de Oxford e sofre preconceito.
Tanto ele como sua parceira no filme, Kate Winslet ("Razão e Sensibilidade"), mostram que a nova geração de atores britânicos vai bem.

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