São Paulo, quarta-feira, 2 de outubro de 1996
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Brasil é 'caixinha de surpresas'

DE WASHINGTON

O encontro anual do FMI é uma oportunidade única de ouvir discursos oficiais e imediatamente sentir seu impacto junto a alguns dos principais agentes da economia global, os executivos das principais casas financeiras de todo o mundo.
O resultado, por enquanto, é que seria possível fazer fortuna comprando "Brasil" pelo que vale e vendendo pelo que as autoridades acham que vale.
A diferença entre essas duas avaliações talvez esteja mais alta do que nunca.
Economia estabilizada, reservas abundantes no Banco Central e inflação controlada fazem parte do discurso entusiasmado de alguns dos principais homens do governo.
Entre os operadores, o ceticismo ainda é grande e os papéis de dívida brasileira, indicadores da confiança no país, são considerados por alguns como caros demais.
Exemplo argentino
Ontem, durante encontro com representantes de uma importante instituição que atua fortemente nos chamados "mercados emergentes", as análises sobre a economia brasileira rapidamente eram substituídas pelo assombro com a capacidade da Argentina "fazer a lição de casa".
Um exemplo: a província de Córdoba, asfixiada financeiramente, conseguiu em 12 meses reduzir em 60% a sua folha de pagamentos, depois de literalmente quebrar e pagar os funcionários com títulos da dívida pública.
O mesmo analista perguntava: e o Banespa? e a injeção de recursos no Banco do Brasil? Onde estão os sinais convincentes de que o governo brasileiro de fato está disposto a cortar gastos públicos?
Corações e mentes
A tradução desse sentimento é relativamente simples: o Brasil, apesar da estabilização, ainda não conquistou corações e mentes de importantes operadores de mercado.
Para outro executivo, a performance dos papéis brasileiros no mercado deve-se muito mais à liquidez extraordinária dos mercados (ou seja, há mais dinheiro procurando ativos com retorno maior do que ativos de qualidade à disposição).

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