São Paulo, quarta-feira, 2 de outubro de 1996
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ACM dá receita para FHC conseguir sua reeleição

MARTA SALOMON
ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR

O desemprego e o prefeito de São Paulo, Paulo Maluf (PPB), são os principais adversários que o projeto de reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso enfrenta hoje, avalia o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
ACM vai direto ao assunto ao listar para a Folha ingredientes de uma receita para a reeleição do presidente em 1998. "O custo não será caro, mas devem se aperfeiçoar os métodos usados atualmente, alguns até condenáveis."
Para ele, "agora está se gastando politicamente, mas de forma errada". ACM inclui entre os beneficiários dos tais métodos, que prefere não detalhar, "correligionários" seus e os "mais espertos".
ACM calcula que o governo sairá da eleição municipal de amanhã sem prejuízos ou vantagens: "O resultado não vai ser devastador, nem tampouco motivo de exaltações para o governo".
Operação
A receita para a reeleição inclui a indicação de um coordenador "de confiança do presidente e com autoridade" para resolver os problemas políticos que devem anteceder a votação da emenda que permite a reeleição de FHC.
O perfil que ACM tem para esse coordenador não está atrelado aos partidos que sustentam a reeleição. Está mais para seu filho e presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA).
A tal indicação não significaria deixar o presidente de fora da estratégia. "No fundo, o coordenador é o presidente."
A atitude de FHC deve ser, prega ACM, como quem faz o melhor para o país " não como se tivesse um interesse pessoal em jogo".
Evitar choques diretos com potenciais aliados da reeleição -leia-se aí o PPB do prefeito Paulo Maluf- é outro ingrediente da receita de ACM. Menos otimista que os demais integrantes da cúpula pefelista, o senador não considera pacífica a obtenção de votos para aprovar a reeleição.
O "exame objetivo" dos votos indispensáveis à mudança da Constituição é uma das etapas mais importantes do projeto. Segundo ACM, a negociação dos votos deve ser feita "independente de partidos, mas por Estados".
O próprio senador traduz: o governo deve procurar os líderes políticos nos Estados e negociar com eles os votos necessários (308 na Câmara e 49 no Senado).
Casamento
ACM não acha mal que o PFL tenha ampliada sua participação no ministério a partir do ano que vem, depois de o governo fechar o apoio à reeleição.
O senador não arrisca dizer que papel será reservado a seu filho, que deixará a presidência da Câmara em fevereiro. "O Fernando deve fazer uma coisa que possa agradar a todos sem prejudicar a máquina", disse.
Na área econômica, a receita de ACM para a reeleição consiste em manter a inflação em baixa e, principalmente, garantir mais empregos. A fórmula, detalha o senador, pressupõe privatizar mais rápido as empresas estatais e reduzir os custos de contratação das empresas, além de baixar os juros.

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