São Paulo, quarta-feira, 2 de outubro de 1996
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Decisão do TSE abala campanha de Pitta

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

A decisão do Tribunal Superior Eleitoral de suspender o direito de resposta que os advogados de Celso Pitta (PPB) obtiveram no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo caiu como uma bomba ontem na direção da campanha malufista.
Durante todo o dia, os publicitários Nelson Biondi e Duda Mendonça prepararam o texto que seria lido no direito de resposta da TV. "Fomos assaltados a mão armada", disse Mendonça.
Os cinco minutos seriam usados para responder à denúncia de que Pitta teria patrocinado uma operação irregular usando títulos da Prefeitura de São Paulo.
A operação, intermediada por uma corretora de valores carioca, teria causado prejuízos de milhões de reais para os cofres paulistanos.
Nos bastidores da campanha, há o temor de que Pitta comece a disputa no segundo turno marcado pela denúncia de incompetência administrativa ou, mesmo, de corrupção.
Na análise de dirigentes da campanha malufista, as explicações dadas pelo candidato durante o debate de anteontem na TV não foram suficientes para apagar os prejuízos causados pela denúncia.
A resposta foi preparada em conjunto pelos publicitários, por um representante da Secretaria das Finanças e pelo advogado Saulo Ramos, contratado para defender o candidato das acusações.
O texto afirmava que a operação com os títulos, na verdade, teria gerado lucro para a prefeitura.
Afirmava também que a denúncia havia destacado uma operação financeira que deu prejuízo isoladamente, sem considerar que outras operações feitas no mesmo dia teriam trazido lucro e compensado o déficit da primeira.
PAS
A maior parte do tempo obtido pela campanha de Pitta foi em razão de denúncias contra o PAS (Plano de Atendimento à Saúde), da Prefeitura de São Paulo, feitas pelo candidato Pinotti (PMDB).
Mesmo assim, a campanha de Pitta usaria o tempo para se defender das acusações de irregularidade envolvendo títulos públicos.
Ontem, a campanha de Pitta conseguiu veicular o direito de resposta contra a denúncia no rádio, às 12h e às 17h.
Duda Mendonça, que juntamente com Biondi coordena o marketing de Pitta, afirmou que sua campanha foi "garfada" pelo TSE.
"Como o TSE pôde aceitar o pedido de casassão do nosso direito de resposta contra acusações do PTB, do PMDB e do PSTU, mas que foi feito pelo PSDB, que não tinha nada a ver com a história?", perguntou Mendonça.
Segundo o publicitário, sua pergunta só pode ser respondida pelo ministro das Comunicações, Sérgio Motta. "Só o Sérgio Motta explica esse mistério", afirmou, insinuando que o ministro usou sua posição para influenciar a decisão.
Na mesma, linha, Biondi também insinuou que o ministro Motta, um dos coordenadores da campanha de Serra, possa ter influenciado a decisão do TSE: "A caneta do Sérgio Motta, hoje no Brasil, não tem preço".
Agenda cancelada
Pitta cancelou sua agenda de ontem para acompanhar a gravação do direito de resposta que acabou derrubado pelo TSE.
O candidato iria visitar entidades da sociedade civil, como a Ordem dos Advogados do Brasil, a Associação Paulista do Ministério Público, a Associação Paulista dos Magistrados e o Clube dos Lojistas da Liberdade.
Segundo a assessoria de imprensa de Pitta, a agenda foi cancelada porque o candidato se atrasou em compromissos na parte da manhã.

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