São Paulo, quarta-feira, 2 de outubro de 1996 |
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Fátima se inspira no estilo de Che
MAURICIO STYCER
"Já houve situações em que os outros 23 deputados da Assembléia queriam comer o meu fígado, mas não abaixo a cabeça." Sua fórmula para enfrentar os adversários é inspirada na cartilha do revolucionário cubano Ernesto Che Guevara. "Quando é preciso, vou para cima, mas não perco o humor jamais." Na semana passada, por exemplo, a Folha acompanhou uma sessão da Assembléia em que se discutiu o pedido de licença do governador Garibaldi Filho, que se ausentou do cargo por oito dias para apoiar o seu candidato à Prefeitura de Natal, João Faustino. Com Vilma Faria em primeiro lugar, Fátima disputa a chance de ir para o segundo turno justamente com Faustino. "O governador, em vez de se licenciar, deveria aumentar o horário de trabalho dele", disse Fátima, em discurso. A defesa do governador foi feita pelo deputado Elias Fernandes (PSDB), cunhado de Faustino. Fernandes disse que a crítica era injusta porque Garibaldi Filho se licenciou "sem remuneração". Fátima ouviu o aparte e replicou, séria: "Deputado, vossa excelência mais uma vez perdeu a oportunidade de ficar calado". O plenário, repleto de partidários da deputada, explodiu em gargalhadas. Como todo deputado estadual, Fátima tem porte de arma. Diz que não sabe atirar, mas tem uma arma, uma pistola automática, que é guardada por seu motorista e segurança. "Vou para o debate das idéias, mas aqui no Rio Grande do Norte precisa (ter arma)", diz. Calça versus saia Alguns quilinhos acima do peso ideal, a candidata do PT faz campanha de calça jeans e camisa larga por cima. "Não sou vaidosa. Não tenho tempo", justifica. Ao ser eleita deputada estadual, Fátima abriu mão da calça por um mês, até descobrir que não havia nada no regimento que obrigasse as deputadas a frequentarem o local de saia. "Era apenas uma formalidade acatada desde sempre." Fátima, então, irrompeu no plenário de calça, obrigando os deputados a aceitarem o traje que começaria a usar a partir de então. Se vencer, Fátima vai governar solitariamente. "Gosto de namorar, mas minha vida é tomada pela política 24 horas por dia." Não satisfeita, acrescenta: "Sou uma mulher como as outras. Gosto de namorar, amar, mas a vida pública me impõe muitas renúncias no campo pessoal." Como Luiza Erundina, Fátima é paraibana, natural de Nova Palmeira. "Não acho que para ser prefeita é preciso ser macho. A mulher precisa mostrar sabedoria, altivez e sensibilidade. Mas, por favor, não confunda sensibilidade com fragilidade." Professora da rede municipal, ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação, Fátima diz não ser filiada a nenhuma corrente dentro do PT. "Sou muito independente mesmo", diz. Apesar de negar, Fátima, nome mais conhecido do PT hoje no Rio Grande do Norte, possivelmente vai tentar ser a candidata do partido ao governo do Estado, em 98, caso perca esta eleição. (MSy) Texto Anterior: Vilma Maia agora é Faria Próximo Texto: Taniguchi deve consolidar era Lerner Índice |
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