São Paulo, quarta-feira, 2 de outubro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FMI adverte para perigo de crise bancária mundial

Michel Camdessus pede a países-membros medidas preventivas

DE WASHINGTON

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Michel Camdessus, disse que o sistema bancário é "o calcanhar de Aquiles da economia global", e o presidente do Banco Mundial (Bird), James Wolfensohn, prometeu combater "o câncer da corrupção" nos discursos que abriram a reunião conjunta das duas entidades, ontem, em Washington (Estados Unidos).
Michel Camdessus afirmou que "uma crise bancária mundial é um acidente à espera de ocorrer" e exortou os países-membros do fundo a adotar medidas conjuntas para evitá-la.
James Wolfensohn, do Bird, disse que seu banco "não pode intervir nos problemas políticos dos países-membros", mas "pode dar conselhos, encorajamento e apoio aos governos que desejem combater a corrupção".
Wolfensohn disse ainda que "não vai tolerar corrupção nos programas" por ele financiados em 180 nações.
O Banco Mundial resolveu cancelar empréstimos nos quais práticas de corrupção ou fraude forem constatadas e irá verificar contas e registros de fornecedores e contratados em projetos que recebam seu apoio financeiro.
Camdessus ressaltou o fato de que duas graves crises econômicas recentes, no México e na Rússia, foram resolvidas rapidamente, graças à "pronta ação internacional". Ele conclamou os países-membros do FMI a manter a instituição em condições de agir novamente.
Entre os diversos "aspectos animadores" da economia mundial no último ano, Camdessus ressaltou a redução da inflação.
Ele também pediu a todos os governos que sejam mais agressivos no controle de seus déficits públicos e alertou que problemas em um país têm reflexos imediatos em outros, numa economia globalizada como a atual.
Camdessus tenta convencer os países-membros a dobrar os recursos do FMI, para que cheguem a US$ 440 bilhões. Mas o grupo dos sete mais ricos do mundo, com os EUA na liderança, tem se mostrado reticente em relação à proposta.
O Bird e o fundo resolveram, com os países mais ricos do mundo, perdoar 80% da dívida externa dos mais pobres. Camdessus queria vender parte das reservas de ouro do fundo, no valor de US$ 40 bilhões, para financiar o projeto.
Mas, devido à oposição da Alemanha, ele irá buscar esses recursos em outras fontes, embora a possibilidade da venda de ouro ainda não tenha sido descartada.
Em abril, o Bird e o fundo têm nova reunião, quando medidas de salvaguarda para o sistema bancário serão discutidas.

Texto Anterior: Reeleição e soberba
Próximo Texto: Gasolina deve ter aumento de preço nos próximos dias
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.