São Paulo, quarta-feira, 2 de outubro de 1996
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Ranking da Liga Nacional provoca fuga para o Japão

JOSÉ ALAN DIAS
MARCELO DAMATO

JOSÉ ALAN DIAS; MARCELO DAMATO
DA REPORTAGEM LOCAL

Para escapar do ranking da Confederação Brasileira de Vôlei, jogadores brasileiros estão se transferindo para times do Japão.
O atacante Pampa, 32, ex-Report/Suzano, vai para o Nec/He, da cidade de Chiba.
O ranking atribui a cada atleta um número de pontos, entre zero e sete. Os estrangeiros não são ranqueados. Isso vale tanto para os homens quanto para as mulheres, e mudou do ano passado para este.
Pela regra da Liga Nacional, nenhuma equipe pode ter mais de dois jogadores com pontuação máxima ou um elenco cujo ranking total ultrapasse 30 pontos.
Pampa, por exemplo, "vale" 4 pontos. Incluindo ele, o Report chegaria a 32. Por isso, o campeão olímpico em Barcelona-92, preferiu ir embora.
Na mesma situação estavam os ex-atacantes do Olympikus Dentinho (três pontos) e Toaldo (quatro). Sem eles, o time já tem 28.
Dentinho afirma concordar com a intenção oficial do ranking, de equilibrar a competição, mas ressaltou que ele força alguns jogadores a aceitarem salários menores do que poderiam conseguir num regime de liberdade.
"Em algum campeonato do mundo tem ranking? Estamos perdendo dois jogadores por causa disso", afirma o supervisor do Olympikus, José Carlos Zappoli.
Ele diz que, se não houver uma negociação entre os clubes e CBV, a fuga de jogadores para o exterior deve aumentar. "Isso enfranquece o torneio. Só a CBV não viu."
Quatro outros jogadores paulistas estão indo ao Japão, mas não por causa do ranking: Nei, do Report/Suzano; Allan, do Palmeiras; Pezão, do Chapecó; e Orlando, do Interclínicas.
Todos os sete, porém, estarão de volta ao Brasil em junho, quando começa o Campeonato Paulista, onde não há ranking.
Polêmica
O jurista paulista Celso Bastos disse ontem que também considera o ranking inconstitucional, porque violaria o inciso XIII do artigo 5º da Constituição, que assegura liberdade de trabalho. É o quarto advogado ouvido pela Folha que defende essa tese.
O ex-vice-presidente da CBV Ary da Silva Graça Filho defende o ranking com o argumento de que o um time superpoderoso pode acabar com a estrutura do esporte.
"Isso é uma suposição. E não se pode ferir a Constituição com base nela", rebateu Bastos.
Pelo telefone, a Folha procurou o presidente interino da CBV, Walter Pitombo Laranjeira, em Maceió. Deixou recado no escritório, mas ele não ligou de volta.

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