São Paulo, quarta-feira, 2 de outubro de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Ritmo ágil é trunfo do primeiro capítulo de "Salsa e Merengue"
MURILO GABRIELLI
Ela apareceu de maneira sutil, principalmente durante as intervenções da família cubana comandada pela matriarca Anabel (Arlete Sales). Foi nesse núcleo, aliás, que marcou presença o primeiro dos indefectíveis descamisados do horário: Antônio (Alexandre Barillari). A falta de escracho, se mantida, será um dos trunfos da trama. Sem a obrigação de provocar gargalhadas a cada diálogo, Falabella não precisa apelar para as gracinhas rasteiras ao estilo "Sai de Baixo" -ou do espetáculo "Louro Alto Solteiro Procura". E parece agradar: o primeiro capítulo terminou com 49 pontos de audiência (cerca de 3,9 milhões de telespectadores) na Grande São Paulo, segundo o Ibope. Agradou, também, o ritmo ágil, tanto do texto como da edição de imagens. Foram primorosos os primeiros minutos, um pastiche de filme hollywoodiano de ação: tiroteios, perseguições de carro e lancha e um assassinato na banheira à James Bond. Falabella promete manter essa agilidade. Ao menos no que tange à edição, difícil acreditar. Sob o peso da produção industrial de cenas, a qualidade e a boa produção das primeiras semanas de uma novela rapidamente desaparecem. A relação entre as duas é evidente desde o início. Anabel abriu mão de um filho anos atrás. O patriarca dos Amarante (Walmor Chagas) se desespera ao saber que seu primogênito (Eugênio, vivido por Marcelo Antony) precisará de um transplante de medula: ele foi adotado de pais desconhecidos. Para o mesmo Eugênio se anuncia um inevitável romance com uma garota pobre, a tecelã e filha de barqueiro Patrícia França. Segundo os responsáveis por "Salsa e Merengue", não faltarão discussões sobre "valores éticos da sociedade brasileira". Aí entra o lado mais engraçado -talvez involuntário- da novela. Pretende-se mostrar o ridículo da classe média. Mas se adota Miami (sonho dourado dessa mesma classe) como cenário glamouroso do início da trama. Vende-se, como de praxe, a integração de diferentes camadas sociais. Há alguns anos, porém, a tese era defendida por um personagem ricaço que dizia algo como "eles são pobres, mas são limpinhos". Agora, o barqueiro Nelson Xavier explica para a filha que "tem rico que presta, tem rico que não". Texto Anterior: Oito brasileiros se inscrevem para a seleção prévia ao Oscar Próximo Texto: Paulo Coelho lança amanhã seu segundo livro na Itália Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |