São Paulo, quarta-feira, 2 de outubro de 1996
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Parede de bar carioca esconde pintura de Di Cavalcanti

Dona quer recuperar a memória do lugar, no centro do Rio

DA SUCURSAL DO RIO

Uma parede de bar com pintura de mulheres feita por Di Cavalcanti, poemas escritos por Pablo Neruda, autógrafos de Dolores Duran e Eliseth Cardoso, alguns deles feitos com batom, está escondida sob camadas de tinta branca no tradicionalíssimo bar Villarino, no centro do Rio.
Foi no Villarino, frequentado pela fina flor da boemia da década de 50, que Tom Jobim e Vinicius de Moraes foram apresentados e em suas mesas de tampo de mármore, mantidas iguais até hoje, compuseram "Orfeu do Carnaval".
A parede foi pintada na década de 50, auge da fama do bar, mas, na década de 60, um dos sócios decidiu passar tinta branca até a metade e colocou um lambri de madeira na metade de baixo.
Casada com Antonio Vasques, 65, sócio remanescente daquela época do Villarino, Rita Nava, 53, resolveu pegar no pesado há oito meses para "resgatar para o Rio a memória desse lugar".
Por isso, ela pretende recuperar a parede pintada por Di Cavalcanti e marco da época de ouro do bar, descrita em "À Mesa do Vilariño", de Fernando Lobo, que grafa o nome diferentemente do oficial, mas com a pronúncia pela qual o lugar ficou conhecido.
Além de recuperar a parede, para o que pretende entrar em contato com a secretaria da Cultura do Estado para tentar ajuda para a restauração, Rita pretende fazer uma reforma no bar.
Ela pretende recuperar o chão de pequenos ladrilhos, mantendo o mesmo desenho, reformar paredes e mesas. "Antonio faz questão de manter o bar como ele sempre foi", diz Rita.

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