São Paulo, quarta-feira, 2 de outubro de 1996
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Nobel defende a censura na rede

PAULO FERNANDO SILVESTRE JR.
DO UNIVERSO ONLINE

O conceito de liberdade de expressão absoluta para os conteúdos presentes na Internet é um equívoco a ser corrigido, e a Internet deve ser regulada.
Essa é a opinião de Arno Penzias, prêmio Nobel de Física de 1978 e vice-presidente de pesquisa dos Laboratórios AT&T Bell (EUA), um dos principais centros de desenvolvimento tecnológico do mundo.
Penzias, 63, esteve em São Paulo na semana passada para participar do "Top Executive Forum", promovido pela Diálogo Desenvolvimento Empresarial.
"Não há nada na Internet que a faça tão diferente que a exima de todas as outras práticas da sociedade", disse Penzias em entrevista exclusiva à Folha.
Para Penzias, acreditar que há algo de especial no ciberespaço pelo qual não deva ser regulamentado é uma armadilha. "O ciberespaço não é um mundo separado", diz.
Barreira econômica
Para o pesquisador, que nasceu na Alemanha, o principal obstáculo para a popularização total da Internet são os custos. "Ninguém quer pagar por serviços on line, muito menos US$ 20 por mês."
"Não há muito investimento em infra-estrutura, porque as pessoas não estão ganhando dinheiro", explica Penzias. Isso impediria que as tarifas de acesso caíssem mais.
Penzias acha que a Internet não superará a telefonia convencional como meio de comunicação mais importante. Para ele, haverá uma fusão das tecnologias, disponibilizando recursos de alta qualidade a cada aplicação específica.
A união da Internet com a TV também não acontecerá, segundo ele. A causa também seria econômica, pois, pelo preço atualmente cobrado pelas transmissões pela rede, o recebimento das imagens da TV custaria US$ 7 por hora.
Benefícios e prejuízos
Para Penzias, um grande benefício trazido pela Internet para as pessoas comuns é o acesso a informações antes inacessíveis.
"Mas, ainda que a World Wide Web (parte multimídia da Internet) seja uma invenção maravilhosa, acredito que o correio eletrônico é a maior e mais valiosa aplicação", acrescenta o pesquisador.
Penzias acha que o uso excessivo da Internet pode levar a consequências negativas, mas elas seriam muito pequenas se comparadas com as da televisão. "Se nós sobrevivermos à televisão, vamos sobreviver a isso também."

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