São Paulo, quarta-feira, 2 de outubro de 1996 |
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Vote para presidente
GILBERTO DIMENSTEIN Ao reduzir a criminalidade numa velocidade surpreendente, Nova York dá uma dica para as eleições municipais no Brasil: o avanço social brasileiro depende que os prefeitos ousem e assumam tarefas até então destinadas aos governadores e ao presidente.Admirado mundialmente, o esforço bem-sucedido contra a violência em Nova York só é possível porque a polícia está nas mãos do prefeito e trabalha junto com a comunidade. Mais importante jornal do mundo, "The New York Times" dá muito mais espaço ao prefeito do que a Bill Clinton; o governador do Estado beira o anonimato. Natural: a prefeitura tem mais a ver com o dia-a-dia do cidadão, por cuidar da segurança, educação, impostos, combate contra a miséria e, em larga medida, pelo nível de emprego. Como Nova York está mais limpa, organizada e segura, aumenta o turismo, empresas não se mudam, pessoas de poder aquisitivo voltam a morar na cidade, geram-se salários e empregos. Devido à força do governo federal, a tradição política brasileira acabou por produzir uma ilusão -a ilusão de que devemos sempre esperar pelas ordens ou inspirações de Brasília. Ainda nutrimos a crença de que um presidente e, depois os governadores, são as principais chaves para resolver os mais graves problemas nacionais. Tolice. Quanto mais os prefeitos ocuparem espaço e virarem, na prática, também governadores e presidentes, menos difícil vai ser produzir melhores indicadores sociais. Nenhuma força é mais poderosa contra a exclusão social do que os quase 5.000 prefeitos. * Embora em pequena escala, as prefeituras brasileiras, independente da coloração dos partidos, têm produzido excepcionais soluções baratas e eficientes nas mais diferentes áreas -a começar da distribuição de dinheiro para quem mantém o filho na escola. Se implantarem em quatro anos as bolsas de educação e melhorarem o nível das escolas, os prefeitos fariam em quatro anos pelo Brasil o que um presidente não faria em 40 anos. * PS - Estou na Colômbia, e aqui também se vê como uma prefeitura consegue enfrentar a violência. Em Cali, um dos centros do narcotráfico e uma das cidades mais violentas, a prefeitura tomou uma série de medidas nas áreas de segurança, educação, saúde e geração de renda. Pela primeira vez em sua história, a taxa de assassinatos começa a cair. E-mail GDimen@aol.com Fax (001-212) 873-1045 Texto Anterior: Clinton corre risco de fracasso Próximo Texto: Operação de ônibus espacial é privatizada Índice |
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