São Paulo, quarta-feira, 2 de outubro de 1996
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EXCESSO DE CANDIDATOS

O mais elementar bom senso indica que não existem tantas propostas diferentes, políticas ou administrativas, quantos são os candidatos à Prefeitura de São Paulo ou de vários outros grandes centros.
Ou, em termos bem concretos: há candidatos demais, o que só tumultua o processo.
Tumultua, por exemplo, os debates, que seriam o mais adequado instrumento para comparar propostas e personalidades.
É normal, nos processos de transição do autoritarismo para a democracia, que surjam incontáveis partidos. Mas, com o tempo, há uma natural decantação e a oferta eleitoral se reduz, nos países mais avançados, a uns partidos mais representativos.
Nos Estados Unidos, há várias candidaturas presidenciais, mas as que contam (e aparecem nos debates) são duas, a dos republicanos e a dos democratas, salvo um momento específico como foi a eleição de 1992, com o fenômeno Ross Perrot.
Na Alemanha, é social-democracia versus democracia cristã, com comunistas, reciclados ou não, e os liberais completando o quadro. Mesmo na Itália, passados os efeitos do furacão político representado pelo estilhaçamento dos partidos tradicionais, as inúmeras correntes dele nascidas voltaram a se aglutinar em três ou quatro grandes coalizões.
No Brasil, não. A cada eleição, há uma explosão de candidaturas, tratadas todas como se fossem igualmente representativas. Os debates e mesmo o horário gratuito têm mostrado o contrário. Há vários candidatos que aparecem apenas para prestar serviços, disfarçados, aos partidos mais fortes. Como há candidaturas cujo alvo não é a eleição do momento, mas aproveitar o horário gratuito para difundir o nome, de olho no pleito seguinte, mais fácil, para as Casas Legislativas.
É urgente pôr limites a essa situação, sob pena de ela acabar por tornar folclórico todo o processo, pelo contágio do comportamento folclórico de não poucos candidatos.

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