São Paulo, sexta-feira, 4 de outubro de 1996
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Basquiat e Lam ganham metrópole

DA REPORTAGEM LOCAL

O americano de origem haitiana Jean-Michel Basquiat (1960-1988), um dos artistas das salas especiais, foi para a Nova York dos imigrantes uma espécie de promessa de era dourada.
Graças aos seus "textos pintados" (à maneira do americano Cy Towmbly, também presente na Bienal), Basquiat pretendia colocar balanço caribenho na esmorecida arte de influência européia e rigidez protestante.
Ligado à subcultura dos bairros, Basquiat pintava, segundo ele próprio, a "realeza, o heroísmo e as ruas".
Esses temas eram trabalhados tendo por base um lema do modernismo: a apropriação.
Suas telas eram primitivistas, surrealistas, expressionistas abstratas, grafites e, por fim, o mais puro Jean-Michel Basquiat.
Uma de suas maiores influências nesse processo -a assimilação da cultura africana e ocidental- é o cubano Wifredo Lam (1902-1982), outro artista a merecer sala especial na Bienal.
Lam herdou a luz e as formas do Caribe e as misturou à efervescência da metrópole. No lugar de Nova York, a Paris dos anos 30.
Sua formação se deu em Havana. Chegou a Paris em 1938. Apoiado por Picasso, rapidamente se ligou ao movimento surrealista francês de André Breton.
Lam desembarca na Europa no instante em que a comunidade artística assimila a África. Máscaras africanas haviam se tornado referência para a vanguarda.
Nessa redescoberta da negritude vista pelos europeus machos e brancos nasce uma forma pessoal de africanismo. Nos trabalhos de Lam essa curiosa África retribui o olhar para a Europa.

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