São Paulo, sexta-feira, 4 de outubro de 1996
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Mestre Didi e Valentim recontam mitologia africana

DA REPORTAGEM LOCAL

As obras do baiano Deoscoredes Maximiliano dos Santos, o Mestre Didi, representam o misterioso para a cultura nagô.
Sacerdote Obaluaiyê, suas esculturas são a personificação da adoração pelos orixás. Artista singular por sua opção radical à tradição religiosa, Mestre Didi não procura a revolução, tão cara à arte ocidental.
Ao contrário, mostra em suas esculturas -que não são objetos de fetiche, mas simbolizam, como os santos para um católico, a força da divindade- uma fidelidade extrema ao passado; ao mesmo tempo em que atualiza a simbologia de seu povo.
Artista e sacerdote, Mestre Didi se situa no delicado território do homem fiel às crenças de seu grupo e do criador que persegue a forma de expressão individual.
Valentim
A cultura africana, convertida em raiz brasileira pela Bahia, está presente também na obra de Rubem Valentim (1922-1991).
A 23ª Bienal recebe "A Pedra de Raio", painel em madeira pintada -realizado para o Itamaraty, em Brasília- concebido em homenagem a Xangô. Obá da Casa de Mãe Senhora (uma das principais do candomblé), o artista abandonou uma carreira em odontologia. Valentim, diferentemente de Mestre Didi, procurou sempre a incorporação da história da arte ocidental à estética e tradição africana.
Seu caminho é o do machado de Xangô, a figura que se repete por todo painel.
Imagem recorrente -e metáfora de seu trabalho-, a arma do orixá possui lâmina em seus dois lados. É a arte africana e européia em um mesmo lugar, sendo então, por fim, brasileira.

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