São Paulo, sexta-feira, 4 de outubro de 1996
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Classe média não se empolga com a votação municipal

Eleitores se preocupam mais em sair da chuva

FERNANDO DE BARROS E SILVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

No extremo oeste de São Paulo, onde fica de um lado o Pico do Jaraguá e do outro o campus da USP, a votação de ontem teve a cara da classe média que predomina na região: foi apática, com baixa temperatura política e marcada pela pressa de eleitores que queriam fugir da chuva.
A Folha percorreu quatro locais de votação nas imediações da rodovia Raposo Tavares. Em nenhum deles havia panfletagem ou grupos de militantes buscando votos.
Na Escola Estadual Keizo Shihara, localizada na Vila Gomes, um único cabo eleitoral do PT desfraldava sob a chuva a bandeira de Luiza Erundina.
Permaneceu ali durante uma hora até ser abordado pela Polícia Militar. Enrolou a bandeira, pôs debaixo do braço e saiu.
A estudante de 2º grau Rosimeire Simões de Freitas, 21, foi ao local para votar no tucano José Serra. "Se ele não passar para o segundo turno, não voto em ninguém", disse.
Ela disse que não sabia qual tinha sido sua escolha para vereador. "Puxa, esqueci, esqueci mesmo", disse, sorridente.
O casal Wagner Pinto, 21, e Ana Paula Pereira de Medeiros Pinto, 21, estudantes de 2º grau, era prova do clima ameno.
Wagner votou em Erundina, Ana Paula em Serra. Diante de um eventual segundo turno entre PPB e PT, Ana Paula diz que já decidiu: vota em Celso Pitta.
"Na Erundina nem pensar, mas isso não interfere nada em casa, a gente não briga por causa de política", disse a estudante.
A administradora de empresas Isabel Alves Vicente, 24, chegou à escola Keizo Shihara vestindo camiseta de Erundina. Disse que foi fácil usar a urna eletrônica, mas não gostou. "Quando você escreve o nome do candidato parece que o voto é mais de verdade."
Só vereador
Na Escola Municipal Dilermando Dias dos Santos, na Lapa, o comerciante Massimo Morales, 63, aproveitou a eleição para montar sua barraca e vender caldo de cana em frente ao local da eleição.
"A chuva atrapalhou tudo, o pessoal passa por aqui correndo, parece que está fugindo. Acordei às 5h30 e o que vendi não dá nem para pagar a cana que comprei", disse.
Bem ao lado, sua filha, Maria Lucia Sicuto, 40, armou uma barraca de pastéis. Moradora de Osasco, diz que não votou em Francisco Rossi (PDT). "Eu nem votei para prefeito, não gosto de nenhum. Votei só no Bonelli (José Benedito Bonelli, do PMDB) para vereador".
Seu pai ia fazer a mesma coisa: "só voto no vereador, que é meu conhecido", disse.

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