São Paulo, sexta-feira, 4 de outubro de 1996
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Mesário ensina eleitor em dúvida a anular o voto

Em Parelheiros, voto em cédula decepciona

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Eva Laura Teófilo, 40, dona-de-casa, moradora no bairro de Casa Grande, no distrito de Parelheiros, na zona sul de São Paulo, a 40 km do centro da cidade, anulou seu voto para vereador.
Não foi, porém, um protesto político. Eva teve dificuldades em usar a urna eletrônica e, depois de votar para prefeito, teve de ser lembrada que deveria escolher também um candidato a vereador.
Sem saber em quem votar, ela pediu ajuda. O mesário da seção eleitoral da Escola Estadual Paulino Nunes Esposo, onde ela votava, acabou "ensinando" Eva a anular seu voto.
O caso de Eva não foi raro. Ao contrário, eram muitos os eleitores da periferia sul de São Paulo que não tinham candidato para vereador e acabaram anulando seu voto, até porque os mesários queriam apressar o ritmo da votação.
"Muita gente acabou votando só para prefeito. Os mais velhos perguntam como votar para vereador", disse a vendedora Maria Angélica do Carmo, 23, mesária numa seção da Escola Municipal Joaquim Bento de Lima Neto, no bairro do Grajaú, a 30 km do centro de São Paulo.
"Quem não trouxe um papelzinho com os nomes dos candidatos, demora mesmo. Muitos pedem uma dica. Acho que foi pouco divulgado que é preciso votar em vereador", afirmou William Nardes de Souza, 22, que presidia uma seção eleitoral na Escola Estadual Prisciliana Duarte de Almeida, também em Parelheiros.
Frustração
Além da chuva forte de ontem pela manhã, um grupo de eleitores do extremo sul da cidade, a mais pobre e violenta de São Paulo, enfrentou outro problema: a frustração por não ter usado a urna eletrônica.
Paulo Rogério de Oliveira Resende, 26, comerciário, disse que ficou "chateado" ao chegar para votar na Escola Paulino Nunes Esposo. Na sua seção, a de número 190, a urna eletrônica não funcionou e todos tiveram de usar cédula e caneta.
"Não gostei. Depois de tanta campanha na TV, o computador não funcionou. Eles tinham de checar isso antes", disse.
"Foi chato porque eu me preparei para votar na urna eletrônica", afirmou a manicure Veronica Batista dos Santos, 22.
Além da frustração, houve também demora. A seção só começou a receber os votos dos eleitores com um atraso de 1h30, o tempo que demorou para se tentar consertar a urna eletrônica, segundo Adriana Lourdes dos Santos, 22, funcionária do McDonald's e presidente dessa seção.

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