São Paulo, sexta-feira, 4 de outubro de 1996
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Ieltsin rejeita ameaça de Lebed sair

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente russo, Boris Ieltsin, 65, disse pelo rádio que ainda está no poder apesar de seus problemas no coração e pediu que o general Alexander Lebed, que ameaçou renunciar, continue no governo.
Ieltsin falou devagar, mas claramente, durante seis minutos em uma transmissão de rádio feita no hospital em que está internado se preparando para uma operação.
O presidente russo atacou os seus opositores, que pediram a sua renúncia e disseram anteontem na Duma (Câmara dos Deputados) que o país estava sem rumo.
Ele também pediu a permanência de Lebed no governo apenas um dia depois que o secretário do Conselho de Segurança da Rússia foi xingado no Parlamento por causa dos acordos de paz com os separatistas da Tchetchênia.
Depois de falar ao rádio, o presidente se encontrou pela primeira vez com Lebed em dois meses.
Mais tarde, na TV, Ieltsin alertou o general Lebed para retirar a ameaça de se demitir "por causa de um assunto menor" e parar de "brincar" com o governo russo.
Nomeação
Lebed teria dito a Ieltsin que estava descontente com a nomeação de seu antecessor no Conselho de Segurança, Iuri Baturin, para chefiar um comitê que decide a nomeação de altos militares russos. O responsável pelo comitê era Lebed.
O general da reserva sempre se mostrou como "isolado e sem amigos" no governo russo desde que assumiu o seu cargo.
Ele é considerado um dos prováveis sucessores de Ieltsin, e o presidente russo considera que Lebed é capaz de manter o equilíbrio dentro do Kremlin. Ieltsin também receia tê-lo como inimigo.
"Estou em contato com tudo o que está acontecendo. Sou auxiliado por uma forte equipe de profissionais", disse Ieltsin no rádio.
"Eu disse antes das eleições e repito agora: 'Não se apressem em mudar os retratos'. O país tem um presidente e um presidente ativo!"
O presidente russo disse que pretende usar o rádio para "pronunciamentos regulares" por ser "barato e abrangente".
Ao falar sobre a manutenção do poder em sua ausência, elogiou os três homens que lideraram o governo no período -Lebed, o premiê Viktor Tchernomirdin e o chefe de gabinete Anatoli Tchubais. Mas principalmente Lebed.
"Ele cumpriu as minhas instruções e acabou com o conflito", disse, sobre a guerra na Tchetchênia.
Revolta
Em comentários separados, Ieltsin relembrou o terceiro aniversário de uma tentativa de golpe de parlamentares da "linha dura", em que 140 pessoas morreram.
"Vamos fazer tudo para garantir que eventos trágicos nunca ocorram na nossa terra novamente."
Cerca de 600 comunistas com bandeiras e faixas vermelhas fizeram uma manifestação comemorativa na região central de Moscou. Uma das faixas dizia: "Longa vida ao poder soviético".

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