São Paulo, sábado, 5 de outubro de 1996
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Incra fará vistoria na fazenda Santa Rita

LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PRESIDENTE PRUDENTE

O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) vai realizar uma vistoria na fazenda Santa Rita, em Mirante do Paranapanema (640 km a oeste de São Paulo).
O objetivo, segundo o superintendente estadual do Incra, Jonas Villas Bôas, é apurar se a fazenda, que pertence ao pecuarista Marcelo Negrão, é ou não produtiva.
Se não for produtiva, o Incra poderá decretar sua desapropriação para fins de reforma agrária, como prevê a Constituição.
Villas Bôas disse à Agência Folha que encaminhará nos próximos dias ao presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, o pedido de autorização de vistoria na fazenda.
A vistoria resultará em um laudo, que apontará qual é o rebanho de gado na propriedade, o total de lavouras e o índice de aproveitamento da fazenda.
MST
Foi o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) que pediu ao Incra a vistoria.
A fazenda Santa Rita não se encontra em terras devolutas (públicas). Sua documentação está em ordem.
A Agência Folha não conseguiu localizar ontem o pecuarista Marcelo Negrão para comentar a decisão do Incra de fazer a vistoria.
A desapropriação da fazenda Santa Rita, com 3.900 alqueires, é considerada "questão de honra" para o MST.
Marcelo Negrão foi o único fazendeiro que decidiu enfrentar os sem-terra.
No mês passado, após mais uma invasão da terra, ele contratou uma equipe de seguranças armados, chefiados por Antônio João Marcondes, administrador da fazenda.
O fazendeiro também foi um dos principais articuladores do relançamento da UDR (União Democrática Ruralista).
O anúncio da criação da UDR aconteceu em sua fazenda, durante um churrasco com cerca de 300 proprietários rurais.
Segurança reforçada
Marcondes instalou uma guarita blindada na porteira da fazenda, onde mantém seguranças dia e noite.
Além disso, os seguranças da fazenda passaram a se mostrar, sempre armados, para os sem-terra acampados em frente à propriedade, às margens da rodovia Teodoro-Sandovalina.
No dia 16 último, Negrão conseguiu recuperar uma área da fazenda invadida pelos sem-terra, por meio de uma liminar da juíza Catarina Sílvia Estimo.
O fazendeiro determinou que tratores destruíssem uma plantação de mandioca e milho feita pelos sem-terra e que no local fosse semeado capim para pastagem.

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