São Paulo, sábado, 5 de outubro de 1996
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PT é o partido mais presente no 2º turno

CLÓVIS ROSSI
DO CONSELHO EDITORIAL

O PT é o partido que estará mais presente nas disputas de segundo turno nas 26 capitais brasileiras. Concorrerá em sete delas, além de já ter vencido em uma (Porto Alegre), no primeiro turno.
Se vencer em todas as sete cidades, o PT duplicará o número de prefeitos de capitais que o PFL fará, se este partido ganhar a única disputa em que foi para o turno final (Rio de Janeiro).
Mas o PFL leva, sobre o PT, a vantagem de que já elegeu três prefeitos no turno inicial (Recife, Salvador e Macapá).
Essa comparação indica, claramente, que cada grande partido pode fazer as contas sobre a eleição nas capitais conforme a sua própria ótica e cantar vitória.
O PSDB prefere fazer a contabilidade pela qualidade das capitais em que ainda está na disputa, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
O "triângulo"
São de fato 2 das 3 principais cidades brasileiras, completando com São Paulo o que o jargão político define como "triângulo das Bermudas", no qual podem sumir reputações pessoais e partidárias.
O simples fato de estar eliminado em São Paulo, QG político/eleitoral da maioria de suas principais estrelas, já comeu parte da reputação eleitoral do PSDB.
Se se fizer as contas pela quantidade e não pela qualidade, PPB e PT estão, por ora, empatados. Já elegeram um prefeito cada no primeiro turno. Mas é evidente que a densidade política de Porto Alegre, conquistada pela terceira vez consecutiva pelo PT, é infinitamente superior à de Palmas, que ficou com o PPB.
Sob essa ótica, o PFL pode comemorar duas capitais importantes (Salvador e Recife), mas, até agora, suas vitórias continuam restritas ao Norte/Nordeste (acrescentando-se Macapá).
Só uma vitória no Rio, no turno final, dará ao desempenho do PFL uma dimensão mais ampla.
Vale idêntico raciocínio para o PSDB. Derrotas no Rio e Belo Horizonte minimizarão ao extremo as vitórias já conseguidas, em Cuiabá e Vitória, ambas periféricas no xadrez político nacional.
O partido está fora do segundo turno no "triângulo das Bermudas", ganhou, até agora, apenas uma capital relativamente importante (Fortaleza) e só concorre em outra das grandes (Goiânia).
É um forte contraste, por exemplo, com o "nanico" PSB, antes limitado a Pernambuco, por ser o partido de Miguel Arraes.
Agora, o PSB passou para o turno final em quatro capitais, inclusive em uma do "triângulo das Bermudas" (Belo Horizonte).
A contabilidade final dependerá, como é óbvio, do segundo turno. Mas depende também, acha o cientista político Leôncio Martins Rodrigues, da soma dos votos obtidos pelos partidos em todas as cidades e não apenas nas capitais.
É um argumento razoável, mas que não leva em conta o fato de que os partidos são, na grande maioria, heterogêneos demais. Não é a mesma coisa o PDT de Jaime Lerner, nítido vencedor no Paraná, e o PDT, por exemplo, de Francisco Rossi (SP).
Mas, de todo modo, o resultado preliminar mostra que, nas capitais, contam de fato apenas sete partidos, em contraposição aos 18 que estão representados na Câmara Federal.
Ou, com boa vontade, nove, se se incluir na conta o PTB, que elegeu o prefeito da pequena Boa Vista, mas não disputa nenhuma outra capital, e o PC do B, que vai para o segundo turno na também pequena João Pessoa.

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