São Paulo, sábado, 5 de outubro de 1996
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'Meninos' fizeram o Plano Cruzado

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

No início da segunda metade dos anos 80, economista da Unicamp rendia até capa de revista.
Uma revista paulistana, por exemplo, chegou a estampar o professor Luiz Gonzaga Belluzzo de corpo inteiro, dando de chaleira num pacote, referência explícita ao então bem-sucedido cruzado.
O título não deixava dúvidas: "Belluzzo, o Pai da Matéria".
Era então o auge dos economistas ditos heterodoxos, que estavam à frente do Plano Cruzado, administrando o congelamento dos preços e dos salários.
Nessa ocasião, a nova sede do Instituto de Economia (IE) da Unicamp foi inaugurada pelo presidente da República, José Sarney.
Além de Belluzzo, João Manuel Cardoso de Melo, também do núcleo que criou o departamento de economia, participava do comando do cruzado e, com Maria da Conceição Tavares, fazia parte do grupo de intelectuais do PMDB.
Além desses, o quadro de professores trazia ainda os economistas José Serra, Paulo Renato Souza, Antonio Barros de Castro, Luciano Coutinho, entre outros.
Discípulos da professora Conceição Tavares, os "meninos" da Unicamp, como ela os chamava, eram críticos ferrenhos da ortodoxia econômica.
Ortodoxia que prega basicamente o controle a mão de ferro das contas do governo, a abertura da economia e o livre mercado.
Já os "meninos" defendiam uma maior participação do governo. E defenderam coisas como a proteção à indústria de informática, impensável para um ortodoxo.
Anos 90
Mas já não é tão simples classificar um economista da Unicamp.
Luiz Carlos Mendonça de Barros, presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o petista Aloizio Mercadante e o secretário estadual do Trabalho, Walter Barelli, estão lá.
E, se levarmos em conta os que estudaram ali, a coisa se complica ainda mais.
É preciso então incluir Zélia Cardoso de Melo e o ministro do Planejamento, Antonio Kandir.

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