São Paulo, sábado, 5 de outubro de 1996
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PT encolhe e malufismo cresce na Câmara

ROGÉRIO GENTILE
RICARDO FELTRIN

ROGÉRIO GENTILE; RICARDO FELTRIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Partidos que apóiam Paulo Maluf garantem a maioria absoluta dos vereadores; PT perde três cadeiras

A eleição municipal encolheu a representação de esquerda e ampliou o malufismo na Câmara Municipal de São Paulo.
Com 96,71% dos votos apurados até as 22h de ontem, o PT -que atualmente tem 13 vereadores- passa a ter 10, e o PC do B -que tem 2- fica reduzido à metade. Segundo o TRE, é improvável que o restante dos votos mude esse quadro.
Se eleito, Celso Pitta, muito criticado pela bancada do PPB quando foi indicado por Maluf para ser o candidato a prefeito, vai governar com uma bancada maior do que a obtida pelo seu mentor quatro anos atrás.
O PPB, que hoje tem 20 parlamentares, passa a ter 19. Mas o malufismo será engrossado pelo PTB, que elegeu 3, o PL, com 4 vereadores, e o PFL, com 2.
Soma-se a esses votos o do peemedebista Jooji Hato, reeleito com quase 35 mil votos e que sempre votou com o prefeito.
A bancada malufista poderá ser ainda maior: os três eleitos do PDT também podem vir a apoiar um eventual governo Pitta.
Só com o apoio desses parlamentares, Pitta já teria a maioria absoluta dos votos necessários para aprovar seus projetos (28).
Erundina
Vereadores petistas como Odilon Guedes, Tereza Lajolo, Sergio Rosa e Maurício Faria não conseguiram se reeleger.
O PSDB manteve o número atual de vereadores, oito.
O PFL, depois de quatro anos, volta a ter mais de um representante na Casa. Bruno Feder pertencia ao partido até novembro do ano passado, mas migrou para o partido de Maluf.
A surpresa este ano foi a eleição do candidato Oswaldo Eneas Nantes Soares, do Prona, que pela primeira vez terá um representante na Câmara.
Soares ficou conhecido durante o horário eleitoral gratuito por ter a aparência física extremamente semelhante à do líder nacional do Prona, Enéas Carneiro.
O apoio do partido na Câmara ainda é uma incógnita.
Não-reeleitos
Vereadores não-reeleitos viveram ontem um clima de "velório" na Câmara. Nenhum dos procurados quis dar entrevistas.
Em seu gabinete, Tereza Lajolo (PT) chorava, enquanto em salas vizinhas assessores soltavam rojões nas janelas, comemorando a reeleição de seus vereadores.
Lajolo apresentou 24 projetos e teve 3 sancionados pelo prefeito. Oito davam nomes a ruas, criavam datas ou prestavam homenagens a cidadãos.
Maurício Faria (PT) também não quis falar. Em seu segundo mandato, ele considerava que esta sua legislatura foi a "melhor".
Faria foi um dos poucos que não apresentou nenhum projeto de batismo de ruas ou de criação de datas comemorativas.
O petista propôs 25 projetos e teve 3 sancionados por Maluf.
Autor da lei que obriga o uso de cinto de segurança, Murillo Antunes Alves (PMDB), que tentava o terceiro mandado, também não se reelegeu.
O jornalista foi à Câmara ontem pela manhã, mas se retirou logo. Passou a maior parte do dia em casa, sendo informado por assessores sobre a apuração.
A Folha telefonou quatro vezes para sua casa ontem à tarde. Em todas as ligações, uma mulher -que não quis se identificar- afirmava que o vereador estava descansando e que não poderia atender a reportagem.
A renovação da Câmara foi de 36,3%. Vinte novos nomes vão assumir o mandato a partir de 1º de janeiro.
Na última eleição municipal, a renovação fora de 40%.
Entre os novos nomes estão Armando Mellão (PPB), Jorge Taba (PDT), Maria Helena Fontes (PL) e Dalton do Amaral (PSDB) (veja quadro ao lado).

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