São Paulo, sábado, 5 de outubro de 1996
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Brasil não é mais exótico, diz Malan

GILSON SCHWARTZ
ENVIADO ESPECIAL A BOSTON

O ministro da Fazenda, Pedro Malan, disse ontem que o Brasil agora é "um país normal e não mais exótico", pois adota políticas econômicas semelhantes ao resto do mundo e não se acredita mais que, por ser brasileiro, seja possível ignorar as restrições de ordem fiscal.
No discurso, feito na cerimônia de posse de Henrique de Campos Meirelles como presidente mundial do BankBoston, Malan afirmou que o sucesso do plano de estabilização coloca em evidência outras vantagens do Brasil, a começar pela habilidade empresarial.
O ministro disse ainda que o país "vive um paradoxo". De um lado, reconhece com humildade que ainda há muito por fazer, sobretudo na reforma do Estado. Ao mesmo tempo, diz-se confiante, pois a política econômica atual tem um propósito claro.
O embaixador brasileiro em Washington, Paulo Tarso Flecha de Lima, leu um discurso enviado pelo presidente FHC. Mas, antes do discurso, ele informalmente deu uma estocada nos norte-americanos ao dizer-se especialmente feliz porque "pela primeira vez em seis meses não estou reunido com americanos para discutir atritos comerciais".
Os EUA acabaram de entrar com uma queixa contra o regime automotivo do Brasil na Organização Mundial do Comércio. Flecha de Lima comentou ainda que Meirelles seria um dos poucos brasileiros em Boston que não é de Governador Valadares. A comunidade brasileira em Boston é estimada em 150 mil pessoas.
Meirelles disse que agora "o Brasil possui um governo sério".
Logo depois da posse, ele assinou convênios com o governo de Goiás e com o de Massachusetts.
O convênio com o Estado norte-americano prevê a abertura de linhas de crédito para estudantes brasileiros. As linhas serão de até US$ 30 mil para cursos nos EUA.
Estava presente à cerimônia o governador de Goiás, Luiz Alberto Maguito Vilela. O banco promoverá encontros com empresários e orientará a feitura de material para atrair investimentos a Goiás.

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