São Paulo, sábado, 5 de outubro de 1996 |
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Evolução
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE Uma das sensações da versão parisiense do salão do automóvel, chamado francesamente de "Mondial de L'Automobile", aberto ontem, é um protótipo da alemã Mercedes. Não tem volante nem pedais.A única coisa que resta ao motorista é uma espécie de manche para os comandos primordiais. O computador faz tudo sozinho, por meio de um sistema de navegação ligado a satélites. Talvez seja esse o futuro do automóvel. Você simplesmente fala para onde quer ir, e ele faz o resto. Tanta racionalidade deverá ser a solução para o trânsito caótico, o perigo, a poluição e todas essas preocupações que o carro produz neste mundo moderno. Mas existe um sério problema em toda essa brincadeira. Faz um século que cada homem que nasce é levado a adorar essa máquina -como se ela fosse a garantia do direito de ir e vir. Talvez por permitir ou promover a individualidade, o carro acabou por determinar o destino de seu criador neste século. Por ele, mudou-se o sistema de trabalho. Assiste-se à outra revolução neste momento, a do microcomputador. O ir e vir, a individualidade, o próprio carro já são prescindíveis. É o fim daquela sensação de liberdade, maldosamente vendida nos comerciais de TV, a que todos nós, vez por outra, sucumbimos? Muita coisa vai mudar, mas carro não é toca-discos que, simplesmente, acaba de uma hora para a outra. Talvez encontre sua solução no esporte. Não apenas pelo o que entendemos por automobilismo hoje -que, com a TV como parceira, só deve crescer. Mas por algo como uma forma de divertimento. Sair por aí, no fim-de-semana, para acelerar um veículo de motor a explosão. Como fazem os velejadores com seus barcos. Texto Anterior: A cultura e os limites dos técnicos acadêmicos Próximo Texto: Turismo; Mansell de volta?; Hill e Walkinshaw Índice |
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