São Paulo, sábado, 5 de outubro de 1996
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Bienal muda ingresso para atrair a massa

DA REPORTAGEM LOCAL

A 23ª Bienal Internacional de São Paulo abre para o público amanhã, às 9h, no parque Ibirapuera, com uma aposta corajosa: a de que as artes plásticas mudaram de status no Brasil.
Abandonaram o círculo restrito do público iniciado e estão se transformando em fenômeno de massa, similar ao cinema.
Para evitar a cena mais comum quando isso ocorre, as filas, os ingressos da mostra estão sendo vendidos por telefone, com dia e hora marcados (veja abaixo).
É a primeira vez no país que ingressos para uma mostra podem ser reservados.
A aposta na massa deve-se a algumas mostras alocadas no Espaço Museológico, como as do espanhol Pablo Picasso, do norueguês Edvard Munch e do norte-americano Andy Warhol.
A idéia dos organizadores é evitar o que ocorreu há um ano nas exposições do escultor francês Auguste Rodin e do pintor espanhol Joan Miró. Rodin foi visto por 150 mil pessoas em São Paulo. A espera nas filas chegou a quatro horas.
O público máximo esperado pela Bienal, até 8 de dezembro, é de 565.950 pessoas -ou 10.290 por dia. A última edição da mostra, em 1994, atraiu 500 mil visitantes.
"A idéia é atrair um novo público para a arte oferecendo conforto e mostras de alto nível", diz Edemar Cid Ferreira, presidente da Fundação Bienal, responsável pelo evento.
Preços
Conforto e qualidade resultaram em aumento de custos para a Bienal. A mostra está orçada em R$ 12 milhões (R$ 2 milhões não saem do caixa da fundação, mas dos 75 países expositores).
Só o sistema de reservas por telefone custou R$ 2 milhões, segundo Ferreira. Em 1994, a mostra toda saiu por R$ 9 milhões.
O alto custo do evento acabou incidindo sobre o preço dos ingressos, que oscilam de R$ 5 a R$ 30, conforme o dia e a hora.
São preços mais altos do que os da Documenta de Kassel (Alemanha), a mais prestigiada mostra de arte contemporânea do mundo.
Lá, visitar a exposição numa terça-feira à tarde ou num sábado custa R$ 13,28 até 16h. Após esse horário cai para R$ 5,97.
Para ver a Bienal gasta-se R$ 5 numa terça à tarde e R$ 20 no sábado, a partir das 15h.
A Documenta ocupa uma área de 90.000 m2 -quase o triplo dos 32.500 m2 da Bienal.
"O ingresso da Bienal não é caro", diz Ferreira. "Cinema custa R$ 10. Em certos horários, a Bienal é mais barata que futebol." Uma numerada coberta custa R$ 25.
Ferreira diz que é equivocado comparar o evento à Documenta, porque a Bienal oferece três mostras: Espaço Museológico, representação por países e Universalis.

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