São Paulo, domingo, 6 de outubro de 1996
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Demissões voluntárias vão ter pouco impacto sobre o déficit

Programas estaduais devem gerar economia de R$ 861 mi

VIVALDO DE SOUSA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os programas de demissão voluntária adotados este ano pelos Estados não terão um grande impacto na redução do déficit das contas estaduais em 97, segundo estimativa feita pelo Tesouro.
Os estudos do governo federal mostram que essas demissões deverão gerar uma economia entre 0,08% e 0,12% do PIB (Produto Interno Bruto, a soma das riquezas produzidas no país).
Isso seria, em números de hoje, algo entre R$ 574,32 milhões e R$ 861,48 milhões, o que seria muito pouco diante da crise financeira dos Estados.
Até julho, Estados e municípios acumulavam gastos de R$ 9,263 bilhões acima de suas receitas em 96, o equivalente a 2,18% do PIB do período. Em 95, o buraco foi de 2,41% do PIB (R$ 17,171 bilhões).
Para o Tesouro, a contribuição dos Estados na redução dos gastos públicos deve acontecer, principalmente, com aumento de arrecadação e a privatizações.
A privatização é uma das principais exigências feitas pelo governo no processo de renegociação das dívidas estaduais hoje em curso.
O objetivo da equipe econômica é que as contas primárias dos Estados -que não incluem juros- fechem o próximo ano com equilíbrio, após registrar um déficit estimado em 1,5% do PIB para 96.
A equipe econômica se preocupa com as contas primárias porque elas mostram o que os Estados vêm fazendo. No conceito operacional, por exemplo, o pagamento dos juros é o principal custo.
Pretende-se evitar que aumentem os gastos estaduais com pessoal. Por isso, os Estados estão sendo convencidos a acompanhar as decisões da União para os servidores públicos, que não receberam aumento este ano.
Aumento de receita
A renegociação das dívidas também prevê que os Estados melhorem a arrecadação própria, aumentando a fiscalização ou revisando isenções e incentivos fiscais.
O Tesouro acompanhará mensalmente Estados que renegociarem suas dívidas. Hoje, o governo acompanha as contas de 17 Estados que pegaram empréstimos na CEF (Caixa Econômica Federal).
A CEF emprestou R$ 2,1 bilhões para pagamento de dívidas atrasadas, redução de despesas com pessoal e alongamento dos prazos das AROs (Antecipação de Receita Orçamentária, pela qual o Estado toma dinheiro no banco dando em garantia a arrecadação futura).

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