São Paulo, domingo, 6 de outubro de 1996
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Forças Armadas vão discutir seu futuro

Ministros da Defesa se reúnem sob pressão por cortes

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Submetidos a uma intensa pressão dos seus governos em favor de cortes crescentes nos orçamentos militares e da redução do contingente efetivo da tropa, os ministros da Defesa do continente reúnem-se a partir de hoje, em Bariloche (Argentina), para discutir o futuro das Forças Armadas.
Na 2ª Conferência de Ministros da Defesa das Américas, que prossegue até a próxima quarta-feira, os ministros vão discutir também formas de intensificar a participação nas operações de paz da ONU (Organização das Nações Unidas).
Apesar de a Argentina ter uma proposta no sentido de se criar na América do Sul um centro de treinamento para essas operações, a idéia deve cair no vazio. Motivo: falida, a ONU tende a conter os gastos com as operações de paz -a instituição acumula dívidas no valor de US$ 3,5 bilhões.
Nem mesmo em Angola, ex-colônia portuguesa na África, onde os acordos entre as facções rivais são sistematicamente desrespeitados e a ameaça da retomada da guerra civil é uma constante, a ONU está interessada em renovar a permanência da Unavem 3 (terceira missão de verificação).
Argentina, Uruguai e Brasil integram a missão de paz em Angola. O Brasil tem 1.100 homens, o maior contingente.
A 2ª Conferência de Ministros da Defesa das Américas deve discutir com ênfase a necessidade de cada país ter a sua política nacional de defesa.
Pressionados a investir cada vez mais no social, os governos, principalmente os latino-americanos, estão olhando para as enormes e caras estruturas das Forças Armadas como mais uma fonte de corte para contenção de gastos.
Países como a Argentina, onde as Forças Armadas foram "enxugadas", os militares tiveram os seus orçamentos reduzidos em até 50%, os ministérios das três Forças (Exército, Aeronáutica e Marinha) aglutinados no Ministério da Defesa, e o serviço militar deixou de ser obrigatório.
Para racionalizar os gastos militares, os paisanos do Executivo estão exigindo dos chefes fardados que elaborem, junto com toda a sociedade civil, uma política nacional de defesa.
O Brasil será representado na conferência pelo general Benedito Leonel, ministro-chefe do Emfa (Estado-Maior das Forças Armadas), pelo secretário-executivo do Itamaraty, Sebastião do Rêgo Barros, e pelo secretário Ronaldo Sardenberg, da SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos).

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