São Paulo, domingo, 6 de outubro de 1996 |
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Paisagem valoriza apartamento em 10%
HELOIZA DE CARVALHO
"Uma boa paisagem pode garantir a venda de um apartamento, enquanto a vista de um cemitério ou de uma favela derruba o preço", diz o consultor Luiz Álvaro de Oliveira Ribeiro. Uma boa vista aumenta o poder de barganha e também representa maior liquidez na comercialização de um imóvel. "O dono de um imóvel com uma vista interessante pode negociar pelo preço real do bem", diz o consultor João Freire D'Ávila. "Isso significa um ganho mínimo de 10%, só por conta da paisagem." O empresário Agnaldo Serra Júnior, 60, confirma a tese. "A compra do meu imóvel foi influenciada em 70% pela vista". Com visão para o parque Ibirapuera, os espigões da avenida Paulista e os contornos da cidade, o apartamento de Serra Júnior, na Vila Nova Conceição, é um exemplo também de velocidade em negócios. "Comprei logo porque sabia da valorização que o imóvel ganha com uma vista desse tipo." O presidente do Creci-SP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis), Roberto Capuano, concorda. "Uma boa paisagem pode até não influir no preço, mas atrai compradores e acelera a venda." "Afinal, todos querem um bom horizonte para apreciar". Por outro lado, a vista que aumenta o preço do imóvel também pode fazê-lo cair. É o que diz a empresária Lilian Machado Fracalanza, 45, moradora do Morumbi. Da janela de seu apartamento de três quartos e 180 m2, ela tem a visão das favelas do Sapo e Paraisópolis. "Sei que, infelizmente, isso leva o preço lá para baixo." Segundo estimativa de Capuano, a desvalorização de imóveis causada por vistas desagradáveis (janelas de prédios, cemitérios e favelas) pode chegar a até 15%. "Por isso, os impulsivos, que fecham negócio em poucos segundos, devem ver, literalmente, o que estão fazendo", diz D'Ávila. Insegurança Sem um plano de urbanização racional, São Paulo sofre da "insegurança das vistas", diz o historiador Benedito Lima de Toledo. "Na verdade, quem tem uma boa vista em São Paulo acaba tendo um valor que está permanentemente em risco", conta. Toledo lembra a história do bairro do Brooklin (zona sul). "Com a ocupação desordenada, o que antes era uma vista magnífica -ia até o Morumbi- se transformou em um mar de prédios." Texto Anterior: CARTAS Próximo Texto: Arquitetos criam artifícios Índice |
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