São Paulo, domingo, 6 de outubro de 1996
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Classe média caracteriza região

DA REPORTAGEM LOCAL

A população do ABCD caracteriza-se pela extensão de sua classe média. É isso que acaba definindo o mercado imobiliário da região.
Tome-se o caso de Santo André. Segundo dados da Fundação Seade, órgão de pesquisas socioeconômicas do governo estadual, 43,47% das famílias da cidade têm uma renda entre três e dez salários mínimos mensais.
Outros 14,45% possuem renda superior a esse patamar.
A média do Estado é de 34,37% e 11,85%, respectivamente.
"É um público muito numeroso na região", afirma Luís de Almeida Campos Neto, gerente da construtora Rótula, de Santo André.
Ele atribui, em parte, o recente surto de lançamentos nas cidades do ABCD à chegada de grandes empreendimentos comerciais.
Em 1994, as multinacionais do varejo Carrefour e Wal-Mart inauguraram unidades em Santo André e São Caetano do Sul.
Na opinião de Campos Neto, até então, o ABCD estava "esquecido" pelas incorporadoras imobiliárias, especialmente as da capital.
Outro fenômeno que tem refletido no poder de compra do morador do ABCD é queda do emprego na atividade industrial, que sempre caracterizou a região.
Em Santo André, por exemplo, havia, em 1985, 64.312 trabalhadores empregados nesse setor da economia. Em 1993, esse número havia caído para 51.906.
Por outro lado, aumentou o número de pessoas empregadas nos setores de comércio e serviços, característicos da classe média.
Há 11 anos, esses setores ocupavam 52.911 pessoas em Santo André. Em 93, o total já chegava a 74.601, segundo a Fundação Seade.
Alto padrão
O perfil do comprador da região acabou por tornar esporádicos os lançamentos de alto padrão.
O construtor Lúcio Torres, por exemplo, realizou seu último lançamento desse tipo em 92.
Foi quando iniciou a construção do edifício Maison D'Ami, em Santo André, com unidades de 420 m2 e cinco dormitórios.
O prédio está sendo construído pelo sistema de preço de custo, ou seja, os condôminos pagam a obra à medida que ela avança.
"Hoje, não sei se o mercado comportaria um empreendimento desse porte", afirma ele.
Torres prefere não arriscar. Os dois lançamentos que fará até o final de 96 em Santo André terão apartamentos de três dormitórios.

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