São Paulo, domingo, 6 de outubro de 1996 |
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Filha mestiça virou baronesa na Áustria
PAULO SILVA PINTO
Os mura estavam entre os povos nativos mais arredios aos colonizadores. Sua insubordinação, segundo o historiador Victor Leonardi, da Universidade de Brasília, rendia-lhes a fama deturpada de ladrões e preguiçosos. O austríaco teve três filhos com Maria do Rego na Amazônia. Levadas para a Áustria, ela e duas das crianças não resistiram ao primeiro inverno. Só não morreu a filha mais velha, Gertrude. Seu nome foi modificado mais tarde para baronesa Gertrude von Schrõckinger, depois de casar-se com um nobre austríaco. Tiveram um filho, que tornou-se militar, de acordo com a correspondência trocada no final do século entre ela e o cientista suíço radicado no Pará Emílio Goeldi. Cachaça Casado com uma índia, nem sempre Natterer tinha contatos "politicamente corretos" com os brasileiros nativos. Natterer chegou a fazer glossários de palavras compiladas entre 60 grupos indígenas. Mas, para conquistar a simpatia das tribos, Natterer às vezes usava o recurso de distribuir cachaça. As coleções zoológicas foram resultado de uma matança. Natterer tirava a pele de pelo menos dois mamíferos e uma ave por dia, sem descanso nos fins de semana. Depois da morte de seu caçador, ele treinou um escravo negro, Luís, que libertou no retorno à Europa. Luís tornou-se o melhor taxidermista de Belém, aproveitando o mercado de expedições. O nome do naturalista é hoje lembrado na denominação de animais. Deu o sobrenome à espécie de morcego Nycitejus natteri, ao papagaio Chrysotis natteri, ao Picus natteri (um pica-pau), a Penelope natteri (jacu), entre outros. A escolha não foi do austríaco. Cientistas da época é que decidiram homenageá-lo, dando seu nome a espécies que ele descobriu. (PSP) Texto Anterior: Martius veio na missão de Natterer Próximo Texto: 23ª Bienal começa hoje Índice |
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