São Paulo, domingo, 6 de outubro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

A dinastia populista

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - É de uma surpreendente estabilidade o comportamento eleitoral do paulistano ao longo do tempo. Paulo Maluf (PPB), na verdade o vencedor escondido (e muito pouco, aliás) atrás do candidato Celso Pitta, descende em linha reta da dinastia dominante na cidade.
Antes de 64, predominaram Adhemar de Barros e Jânio Quadros, ambos populistas, ainda que de estilos e idiossincrasias diferentes.
Depois de 64, veio Maluf, outro populista ou, se preferir uma definição certa vez usada pelo então senador Fernando Henrique Cardoso, o candidato do "lumpemburguesia".
A rigor, só dois nomes, no passado recente e não tão recente, romperam o molde: Prestes Maia e Luiza Erundina. O que, de resto, só reforça a estabilidade, na medida em que Erundina está no segundo turno e, portanto, é a única que pode derrotar o malufismo.
Estou citando de memória, que é sempre traiçoeira, mas, se houver mais algum nome, não creio que passe de um e, por isso mesmo, não muda a essência do raciocínio.
O que é curioso é que o paulistano, contrariando a imagem de circunspecto que lhe é atribuída, parece gostar do escracho. Jânio, Adhemar e Maluf são escrachados, cada um a seu modo.
Ou, então, o que seria pior, a cidade leva a sério o escracho e não o considera como tal.
Não deveria ser surpresa nem mesmo o fato de Maluf ter depositado às portas da prefeitura um virtual desconhecido até seis meses atrás. Jânio e Adhemar perpetraram façanhas até mais impressionantes, pois levaram ao governo (e não apenas à prefeitura) os seus próprios Pittas, seus secretários da Fazenda, Carvalho Pinto e Lucas Nogueira Garcez, respectivamente.
E, à época, não havia Duda Mendonça ou qualquer outro mago do marketing. Nem a TV, como instrumento para massificar rapidamente um nome.

Texto Anterior: UMA CHANCE PARA A PAZ
Próximo Texto: Pragmatismo pefelista
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.