São Paulo, segunda-feira, 7 de outubro de 1996
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O CAMINHO DO MEIO

Há certa convergência entre as projeções econômicas do IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) e os mais recentes dados de emprego do IBGE, Seade e Dieese. O primeiro aponta para um crescimento econômico moderado, de 3% este ano. As outras instituições constatam estabilidade no nível de emprego entre julho e agosto.
Mantidas as tendências atuais -e não estão à vista importantes fatores de mudança-, o país terá um final de ano "morno".
Algumas declarações oficiais podem ter deixado a impressão de que o Brasil está prestes a iniciar um período de crescimento expressivo. Em sentido contrário, o aumento do patamar de desemprego poderia ser avaliado como evidência de estagnação. Pelas informações disponíveis, não se trata de uma coisa nem de outra, mas do rumo intermediário.
Além da diferença entre o compreensível otimismo de autoridades governamentais e a igualmente previsível crítica de setores sindicais, existe de fato um elemento de ruído nas avaliações: a relação entre crescimento do PIB e aumento do emprego vem sofrendo uma profunda alteração. Ainda que um maior ritmo de atividade continue a ter efeito positivo sobre o emprego e que uma eventual recessão evidentemente acelere o fechamento de vagas, tais efeitos não têm mais hoje a magnitude verificada no passado.
A velocidade das inovações tecnológicas, a reorganização do trabalho nas empresas e a maior abertura da economia enfraqueceram os laços entre crescimento e emprego. Parte das diferenças de avaliação decorre do indicador sobre o qual se olha.
Se o futuro confirmar as previsões de retomada do crescimento com inflação baixa, a gestão econômica terá, nesse ponto, atingido sucesso, o que não garante que o desemprego deixará de ser um sério problema.

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