São Paulo, segunda-feira, 7 de outubro de 1996
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Coração tucano

VALDO CRUZ

Brasília - Depois de duas semanas de esvaziamento político, a capital do país volta a se agitar a partir de hoje.
O presidente Fernando Henrique Cardoso deve se reunir com Luís Eduardo Magalhães, o comandante da Câmara, para decidir se a comissão especial que vai analisar a reeleição será realmente instalada nesta semana.
A decisão depende da análise que os dois farão sobre os reais estragos da eleição paulistana no cenário político nacional.
FHC nunca escondeu dos amigos que, no caso de derrota tucana em SP, sua opção preferencial seria a candidata do PT, Luiza Erundina.
Na semana passada, no dia da eleição, um assessor do presidente soltava uma frase indicando que alguma coisa estava mudando no Palácio do Planalto. Perguntado se FHC mantinha sua posição inicial, o assessor respondeu: o clima mudou. Ele pode não estar pensando do mesmo jeito.
O primeiro sinal veio logo em seguida, quando o presidente liberou seus aliados -PFL e PMDB- a subirem no palanque do candidato malufista, Celso Pitta.
Pefelistas e peemedebistas armaram a operação porque sabiam que os tucanos se inclinavam a apoiar a petista. É claro que FHC ficaria neutro publicamente, mas estimularia os tucanos paulistas a optar por Erundina.
Seria a declaração de guerra total ao prefeito Paulo Maluf, unificando de vez o PPB contra a tese da reeleição.
FHC, ao que tudo indica, preferiu se render ao pragmatismo do PFL e do PMDB. E tudo por causa do ministro Sérgio Motta (Comunicações), o amigo trapalhão.
O sinal definitivo de que o presidente mudou de lado virá do comportamento de Motta. Pefelistas e tucanos o querem longe de qualquer articulação política.
Agora, não tenha dúvidas. Na hora de votar no segundo turno, FHC pode acabar digitando o número de Erundina. É assim que funciona o coração tucano.

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