São Paulo, terça-feira, 8 de outubro de 1996
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Alíquota ameaça "racha" na Anfavea

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A proposta de aumentar a alíquota do Imposto de Importação sobre autopeças, máquinas e matérias-primas ameaça provocar um "racha" na Anfavea, a associação das montadoras de veículos.
O pedido foi feito ao governo pelo Sindipeças. A entidade, que representa os fabricantes de autopeças, diz que o setor não tem condições de enfrentar a concorrência estrangeira se a alíquota em vigor -2%- for mantida.
A Anfavea não concorda com mudanças no regime automotivo, que estabelece as alíquotas de importação. Em carta enviada a ministros do governo FHC, no dia 26 de setembro, a entidade pede a "manutenção das regras".
A carta é assinada pelo presidente da Anfavea, Silvano Valentino, e pelos presidentes das montadoras instaladas no país. Apenas uma fábrica não assinou: a Volkswagen, que é a favor do aumento.
Equívoco
Miguel Jorge, vice-presidente da Volkswagen, considera que o governo "equivocou-se" ao fixar alíquota de 2% para as autopeças. Diz que a montadora se preocupa com a concentração de importações em um único setor.
"É necessário aumentar a alíquota de autopeças", diz Jorge. Para ele, essa mudança não significa quebra de acordo. "A MP prevê desconto de até 90% na alíquota de importação de autopeças, ou seja, o desconto pode ser menor."
As outras montadoras não concordam com a Volkswagen. Na carta enviada ao governo, dizem que as "alegações" dos fabricantes de autopeças "não se sustentam".
Segundo eles, de janeiro deste ano, quando entrou em vigor o regime automotivo, até o mês de junho, 83% das compras de peças e matérias-primas (US$ 4,8 bilhões) foram feitas pelas montadoras no mercado interno. Apenas 17% (US$ 986 milhões) foram resultado de importações.
A Volkswagen é a montadora instalada no país com maior índice de nacionalização, cerca de 92%. Ou seja, apenas 8% dos componentes usados nos veículos da marca são importados.
A Volks não produz no Brasil um carro mundial -modelo que utiliza componentes iguais em diferentes países. Por isso depende menos das importações e seria menos afetada do que as demais por uma eventual elevação da alíquota.

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