São Paulo, terça-feira, 8 de outubro de 1996 |
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Modernização não afasta os donos do poder
MÁRIO MAGALHÃES
Os aproveitadores seriam como água e a administração profissional, como óleo: inconciliáveis. Esse raciocínio não sobrevive às primeiras medidas, já em curso, de transformação dos senhores feudais em capitalistas futebolísticos. Em vez de lidar com mixuruquices, em comparação com a fortuna que virá no futuro, eles progressivamente vão mexer com mais e mais dinheiro. Os métodos -a forma- podem e vão mudar. Os interesses -o conteúdo-, não. Para muitos dirigentes, as ligas estaduais, regionais e a nacional que vão surgir em breve serão instrumentos úteis para o sincero empenho em salvar os cofres de seus clubes. Para os torcedores, será ótimo: haverá campeonatos mais organizados, o calendário será mais produtivo, a televisão oferecerá produtos atraentes. O que não significa, em absoluto, que mudarão os protagonistas do poder. Eles são obrigados a se adaptar aos novos tempos, para sobreviver e faturar ainda mais. Exemplo: imagine o sujeito que, na sua opinião, simboliza o que há de mais perverso na cartolagem brasileira. Seja ele quem for, sinto dizer, vai continuar repartindo o butim. Mal comparando, nossa transição histórica na gerência do futebol será como a virada política em muitos países do leste europeu a partir do fim da década passada. Os antigos comunistas, apeados do poder, permaneceram dando as cartas, agora com a roupagem de modernizadores, de introdutores de um regime de mercado e competição, mas com "preocupações sociais". O futebol do Brasil não verá um desfecho como o do ditador romeno Nicolau Ceausescu, executado sumariamente. A velha tradição conciliatória portuguesa triunfa mais uma vez, rejeitando a ousadia da ruptura, mesmo que não se chegasse, é claro, a um desfecho como o romeno. * O prestígio do Flamengo anda tão em baixa que uma torcedora do Fluminense foi vista ontem zombando de um pobre rubro-negro. É o escárnio do roto com o esfarrapado -o Fluminense acumula 12 pontos no Campeonato Brasileiro, 8 a menos que o Flamengo. Na noite de anteontem, no programa "Mesa Redonda", da CNT do Rio, Edmundo não pipocou ao falar da proposta do governo sobre a flexibilização da lei do passe. "Sou totalmente a favor", disse o "Bacalhau". * Então quer dizer que Romário foi ao Maracanã para torcer pelo Flamengo e teria, portanto, se chateado com as vaias para Bebeto e Sávio? O artilheiro do Valencia nunca riu tanto. * Balanço eleitoral carioca: o Furacão da Copa de 70, Jairzinho (PMDB), fracassou na eleição para vereador. O radialista Áureo Ameno (PFL) foi eleito. Ele recebeu o apoio oficial de Eurico Miranda e do Vasco. Hoje, excepcionalmente, não publicamos a coluna de Matinas Suzuki Jr., que está em férias Texto Anterior: Boca Juniors vai negociar passe dos atletas na bolsa de valores Próximo Texto: Pipocas e Piu-Piu Índice |
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