São Paulo, terça-feira, 8 de outubro de 1996
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Bósnia e Croácia se batem hoje por uma vaga na Copa

HUMBERTO SACCOMANDI
DA REPORTAGEM LOCAL

Parece até mais uma rodada de negociações na conturbada região dos Bálcãs: representantes croatas e bósnios tentam melhorar suas posições, reunidos por autoridades européias num país neutro.
Bósnia e Croácia realmente se defrontam hoje. O local é a cidade de Bolonha (Itália). Mas a rodada em questão faz parte das eliminatórias européias para a Copa de 98.
Ex-aliados e ex-inimigos na guerra civil iugoslava (veja quadro ao lado), bósnios e croatas estão no Grupo 1, liderado atualmente pela Grécia, com seis pontos.
A Bósnia já fez um jogo (derrota para os gregos). A Croácia estréia hoje. Esta será a primeira partida entre as seleções desses dois países da antiga Iugoslávia.
Amizade
Segundo os jogadores, que participaram de uma entrevista coletiva ontem em Bolonha, o jogo será uma importante mensagem de paz para os dois países.
Boa parte deles jogava junto pela seleção da antiga Iugoslávia, antes da guerra civil no país, que começou em 91. Disputavam o mesmo campeonato nacional.
Os jogadores ressaltaram ontem que eram amigos antes da guerra e que mantiveram a amizade, mesmo durante o conflito armado, que vitimou principalmente a população muçulmana da Bósnia.
No futebol, a Croácia é favorita contra a Bósnia, na primeira eliminatória para uma Copa do Mundo que essas seleções disputam.
Os croatas chegaram às quartas-de-final da última Eurocopa, o torneio europeu de seleções.
Contam com jogadores que são destaque em campeonatos da Itália (Boksic e Boban) e da Espanha (Prosinecki, Jarni e Suker).
A seleção bósnia tem uma equipe menos conhecida, que congrega veteranos "iugoslavos", como Bazdarevic (que joga na Série C da França), Sabanhadzovic (que está na Grécia) e o goleiro Omerovic (na Turquia), com jovens de equipes locais.
Campo neutro
A cidade italiana de Bolonha se ofereceu para receber a partida depois que a Fifa vetou, por motivo de segurança, o estádio Kosevo, em Sarajevo, danificado na guerra e precariamente reformado.
As autoridades italianas esperam cerca de mil torcedores bósnios. Desses, 500 vieram da Bósnia, em viagem de ônibus.
Os demais são refugiados que se estabeleceram na Itália durante os quatro anos de guerra.
Entre eles, estará o garoto muçulmano Aladin Hodzic, 5, que atraiu a atenção mundial ao provocar um cessar-fogo para que fosse removido da Bósnia para a Itália, com a perna dilacerada.
Por precaução, a polícia de Bolonha vai manter os torcedores separados no estádio Dall'Ara.
Mais ou menos como o plano de paz norte-americano fez com as populações croata, sérvia e muçulmana na Bósnia.

Com as agências internacionais

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